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A história nos mostra que o upgrade de hardware no Xbox não é uma boa ideia

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Quando você cria um nicho dentro de outro nicho, a tendência é o fracasso

*Este artigo em momento algum condena o modelo de negócios dos PCs, a leitura é muito mais abrangente e sabemos muito bem do poderio e quantidade de jogadores que jogam na plataforma, que também possui diversas vantagens.

**Não somos “istas”. Adoramos todas as plataformas, porém o foco neste artigo é a estratégia da Microsoft.

A Microsoft, através do tio Phil Spencer, vem dando pistas sobre uma nova estratégia que pode tomar com relação ao Xbox, como uma plataforma e não mais como console. A ideia é fazer do Xbox One ou do próximo videogame da empresa um aparelho capaz de ser atualizável no que diz respeito ao hardware, com novas versões sendo lançadas de tempo em tempo e / ou a disponibilidade de peças para que cada jogador realize o seu upgrade, de forma livre. Seria uma estratégia semelhante ao que acontece com os smartphones, caso tenhamos novos modelos em um menor tempo do que o habitual, ou como acontece nos computadores onde cada um pode ter a configuração de deseja. No entanto, por enquanto tudo é conversa.

Apesar de jogos como Quantum Break já terem sido anunciados também para PC e somente para Windows, estamos falando de plataformas da Microsoft como um todo, o que acaba explicando a razão da nova estratégia como uma forma de monetizar ainda mais os games que as parceiras e a própria Microsoft produz.

No entanto, dado o tamanho barulho que a internet fez com a notícia, dizendo que com isso a Microsoft diminui o  valor seu próprio console tirando dele jogos que fariam valer a compra do aparelho, podemos estar diante de uma mudança ainda maior do que essa, e que pode nos levar a dois cenários: uma nova era para os consoles ou um tiro no pé por parte da Microsoft, transformando o Xbox em uma espécie de computador, com upgrades constantes. Phil Spencer comparou a “inovação” com o cenário de smartphones, tablets e o próprio PC, dizendo que esse tipo de evolução é rara nos consoles, como você pode ver no artigo do Polygon (link no final deste artigo).

Mas essa “evolução” nos consoles é rara por motivos óbvios.

A HISTÓRIA NOS ENSINA

Comercial do SEGA 32X, um tanto quanto sugestiva, levando em conta a pergunta do garoto e a resposta da mãe dele.

A história nos mostra que qualquer console que tentou criar um upgrade, caiu durante o caminho ou criou tamanha confusão na cabeça dos consumidores, fora diversos descontentamentos. A SEGA foi uma das empresas que buscou nessa solução equiparar o Mega Drive ao SNES em termos de desempenho, lançando o SEGA 32X. O equipamento servia para adicionar poder ao console de 16 bits da ex-desenvolvedora de videogames, mas acabou virando um tiro no pé, com poucos jogos lançados e criando assim um nicho dentro de outro nicho: era direcionado para o público que tinha um Mega Drive e seus jogos exclusivos somente rodavam em um Mega que tinha um 32X.

A confusão resultou em um aparato fracassado que fora substituído pouco tempo depois pelo Sega Saturn, o real videogame da nova geração dos 32 bits da SEGA. Mas o grande problema é que a SEGA e as desenvolvedoras não podiam esquecer que o videogame em questão ali era um Mega Drive e que a base instalada que a empresa tinha girava em torno dele e do que ele oferecia de fábrica, já que era o que a maioria tinha em mãos. Os jogos eram criados pra rodar tanto no 32X quanto no Mega, então pra que ter aquele upgrade?

X-Men Vs Street Fighter fazia uso do cartucho de expansão do Saturn – Imagem: Reprodução

O Saturn, por sua vez, trouxe outra funcionalidade para aumentar a capacidade de memória do videogame, para que ele ficasse com mais que o dobro de memória do PSOne – o Saturn poderia chegar até 4MBs de RAM, o que hoje é um valor ridículo, diga-se de passagem. Novamente, foi usado em poucos jogos, em sua maioria games de luta como The King of Fighters e X-Men e que resultava sim num desempenho melhor, mas novamente os produtores não poderiam focar somente naqueles 4MBs de RAM, senão quem não tinha o cartucho de expansão não poderia jogar seus games e a base instalada não serviria pra nada.

O Xbox One não deve receber um aparelho extra como estes consoles receberam no passado, mas mostra um certo desespero para alcançar a concorrência ou mostrar alguma novidade. Seria necessário ter um novo console. Mas onde os exemplos acima podem influenciar na estratégia da Microsoft, além de lembrarmos que a SEGA já não está mais no mercado por causa de suas decisões?

O QUE PODE DAR CERTO E ERRADO NO XBOX EXPANSÍVEL

Imagem dos diversos protótipos que a Microsoft criou até chegar no layout final do Xbox One. – Imagem: Gamespot

Com a ideia de expandir o poder do Xbox, a Microsoft leva a plataforma muito mais pra perto do Windows e o PC, e isso pode criar uma inovação no mundo dos consoles. Teríamos mais poder para as produtoras de tempo em tempo, elevando as características técnicas dos jogos em termos de produção. Poderia haver também a opção de modificar os gráficos para rodar dentro da especificação do seu Xbox, talvez até mantendo a opção das desenvolvedoras lançarem os seus jogos desde o Xbox One “puro” (o que temos hoje, com 8GBs de RAM) até o mais forte dos Xbox, pensando que se a ideia da Microsoft for colocada em prática poderemos ter diversas configurações de um mesmo console no mercado.

No entanto, se a Sony e a Nintendo não seguirem estes passos, a indústria vai continuar mantendo o mesmo modelo de negócios de hoje, com consoles fechados e jogos se adaptando as especificações dos aparelhos, fazendo essa aproximação do Xbox com o PC algo surreal e fora da curva. Afinal, porque você compraria um console que pode ser expansível se você pode comprar um computador e fazer muito mais com ele além de jogar? A premissa é a mesma: investir no aparelho para que ele tenha maior capacidade, sendo que a grande vantagem de se ter um console e conseguir jogar diversos games durante, no mínimo, 5 anos sem precisar investir novamente no hardware, somente nos softwares (jogos). E vale lembrar que a própria Microsoft começou a geração com um discurso totalmente diferente, de aumentar a longevidade do mesmo console. Veja abaixo:

A MICROSOFT NOS FEZ ACREDITAR QUE A NUVEM SERIA A EVOLUÇÃO DOS CONSOLES. NÃO É MAIS?

Crackdown 3, um dos próximos exclusivos do One, faz uso da “Nuvem” para trazer cenários totalmente destrutíveis.

Devo dizer que esse artigo nasceu de outro artigo que li no VG247 e em determinada parte do texto de Matt Martin ele cita quando a Microsoft dizia que as funcionalidades do Xbox One em Cloud poderiam fazer dele um console único, com eterno upgrade. Ou seja, você poderia fazer o ciclo de vida do mesmo aparelho aumentar consideravelmente levando boa parte do processamento que exigiria da máquina local para servidores em nuvem.

Essa ideia é ótima, mas barra em quesitos técnicos como a velocidade da internet em determinadas regiões do mundo e a necessidade de se manter o console sempre online. No entanto não é algo para ser deixado de lado por uma estratégia totalmente diferente, isso soa incoerente. Se antes a nuvem era a solução, parece que já não é mais ou a Microsoft deixou a ideia de lado por outros motivos. 

É NECESSÁRIO TER UMA IDENTIDADE

Se há uma coisa que a Sony e a Nintendo vem fazendo muito bem é entregar para o consumidor o que a grande maioria gosta: um console, um videogame, focado em jogos e sem firulas, tanto que o PS4 vem vendendo horrores e mostra que o formato de consoles ainda é muito forte (60 milhões de pessoas, somando o Xbox One e o PS4 não poderiam estar erradas, certo?). Estamos diante do Playstation VR, que também pode trazer uma espécie de Upgrade pro console da Sony, mas em nenhum momento há o papo de perpetuar isso como a única opção para o consumidor e o foco se mantém no console lançado em 2014 e no que ele oferece desde então.

Com os upgrades que a Microsoft pretende levar ao Xbox One, ela não somente sugere que teremos que arcar com novos custos no futuro próximo (imagine você que acabou de comprar seu Xbox One, ter que comprar outro console no ano que vem, ou daqui 2 anos), como também equipara seu aparelho a um PC, e novamente, perde-se a identidade. Desde o anúncio do console, a Microsoft parece perdida com o que pretende fazer com o Xbox One, mudando todas as suas ideias, criando novas, trazendo Phil Spencer que veio numa sequência de acertos, mas agora com suas novas ideias deixa um ar de dúvida no ar. O cenário ideal pra quem gosta de um console é ver diversos exclusivos pra ele, então bastaria a Microsoft trabalhar em cima disso com mais estúdios internos, que poderia rivalizar ainda mais com a Sony.

O UPGRADE EM CONSOLES É UMA PÉSSIMA IDEIA

Esse formato existe até hoje e não é por acaso

A maioria das pessoas que opta por um videogame no lugar de um PC para games pensa justamente no tempo de vida útil que o aparelho vai ter e na facilidade de se rodar os jogos nele. É claro que o PC também é uma ótima opção pra quem gosta de jogar, tanto que a comunidade é enorme, porém todos sabemos que o mesmo aparelho vai servir para muitas coisas, além dos games.

Esse modelo de negócios ainda não existe nos consoles porque simplesmente não funciona. O dia em que isso mudar, a morte dos consoes terá sido decretada e todos nós estaremos jogando em nossos computadores, porque todas as vantagens ou opções que um console nos traz terão sido dizimados. Ou, no melhor dos cenários, a produtora que manter o mesmo modelo atual vai despontar na frente das demais, que resolveram pular do barco, como a Microsoft, que há anos deixa escapar rumores de que quer acabar com a divisão Xbox e parece achar uma alternativa pra fazer isso de uma maneira mais branda.

ALÉM DE CAPACIDADE, OS VIDEOGAMES PRECISAM DE CRIATIVIDADE

É obvio que consoles mais poderosos vão trazer melhorias técnicas e trazer uma liberdade criativa maior para os desenvolvedoras. É lindo ver gráficos soberbos, efeitos de luzes nunca antes vistos, uma resolução absurda e uma quantidade maior de partículas. Mas nada disso supera o poder da criatividade que os games tiveram durante todos esses anos de existência. Não é a toa que diversos desenvolvedores indies ganham notoriedade por suas ideias, desenvolvidas em tecnologias muito mais simples que os da EA Games, Ubisoft e Activision, porém recheados de novidades e jogabilidades cativantes. Então, antes de pensarmos na evolução, é necessário pensar no uso daquilo que tanto cativa os jogadores: a criatividade, que nos faz sonhar acordados em mundos magníficos que muitas vezes nos fazem esquecer do 1080p e 60FPS.

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ReferênciasPolygon | VG247

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Ariel Souza

Já inventaram o PS4, o Xbox One, portáteis com jogos de console e até celular com capacidade de PC. E ainda tem gente me enviando solicitação de jogos no Facebook.

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