Mass Effect foi facilmente uma das franquias mais importantes da geração passada, colocando os RPGs ocidentais como os principais jogos do gênero de RPG durante muitos anos e confirmando a hegemonia da Bioware neste campo. Produtora de Dragon Age, a empresa saía do mundo medieval para o da ficção científica, nos colocando na pele de um comandante (masculino ou feminino) chamado Shepard que com sua tripulação de guerreiros de diversas raças e planetas natais diferentes, precisavam combater os Reapers, uma raça terrível de máquinas que buscava dizimar os seres humanos da Via Láctea.
A série durou três jogos e o Comandante Shepard não voltaria para mais um título. A trilogia havia acabado, mesmo que muita gente não tenha gostado do final. No entanto, a Bioware traz de volta a franquia através de Mass Effect Andromeda, um jogo que se passa em paralelo à Mass Effect 3, embora os acontecimentos que ocorrem logo no começo nos demonstrem que tudo que aconteceu com Shepard ficou para trás e a humanidade agora busca um novo lar através dos Ryders.
Bem vindo a Andromeda, mesmo que ela não seja o que você esperava


Os humanos pesquisaram durante anos uma nova galáxia com um planeta capaz de ser sua nova casa e partiram em busca de um futuro brilhante. Depois de muitos estudos, Andromeda foi a galáxia escolhida, mas ao chegarem ao planeta que poderia ser a esperança de uma nova era, os humanos perceberam que tudo estava muito diferente e deram de cara com uma nova ameaça, os Ketts. Ditadores em busca de território e poder, automaticamente são colocados como vilões da história.
Começamos o jogo escolhendo entre um dos Ryders, sendo um homem e outro uma mulher, irmãos, filhos de Alec Ryder. Alec é um Pathfider, uma espécie de responsável por explorar novos planetas e locais da galáxia em busca de recursos e condições perfeitas para a vida humana. A frente da nave Tempest com sua tripulação de hábeis guerreiros, Alec tem seu futuro definido logo no começo do game, deixando o jogador em uma situação bastante interessante na pela de um inexperiente personagem que agora possui uma grandiosa responsabilidade: encontrar uma nova casa para os humanos e continuar o legado de seu pai, que guarda muitos segredos em seu passado.
Mais tecnológico ainda


Independente da sua escolha no início do jogo quanto ao sexo do seu personagem, você ganha acesso ao SAM, uma inteligência artificial ligada diretamente à mente de Ryder que conduz boa parte de sua exploração fornecendo diversos dados de uma forma bastante dinâmica. Além disso, ele pode lhe ajudar a tomar decisões ao ler o comportamento das pessoas e fica a seu critério dizer que fez uso dele ou não. Além disso, durante a história do jogo podemos encontrar flashs de memória de Alec Ryder que vão, aos poucos, decifrando enigmas que poucos conhecem e o grande motivo dele ter levado a vida que levou e ter tomado as decisões que tomou.
A história de Andromeda é realmente boa, apesar de demorar para engrenar. O jogo não sabe se lhe apresenta os personagens ou o novo universo, afinal é tudo uma grande incógnita no começo, tendo em vista que o que ocorreu nos outros Mass Effects fora deixado para trás. Apenas a mecânica e o feeling de se estar jogando um Mass Effect é o mesmo e a Bioware tem um grande mérito por conseguir respeitar tudo que criou no passado e nos transportar para uma nova história e uma nova fase na franquia Mass Effect.
A Ordem aqui é Explorar, Pathfinder


A imersão que Mass Effect Andromeda nos traz é incrível, mas a falta de cuidado com alguns aspectos do jogo acabam atrapalhando a experiência. O jogo não é lá muito polido realmente, logo que foi lançado teve aquele problema sério de expressão facial e sincronismo labial que foi consertado de forma parcial com um patch. A atualização melhorou bastante o jogo neste aspecto, mas ainda há bastante coisa que incomoda como alguns glitches e bugs estranhos. Porém, após esse primeiro baque onde você percebe que faltou um cuidado especial neste aspecto, você é sugado para dentro da ambientação de Andromeda de uma forma sem igual e poucos jogos fizeram isso comigo ultimamente. Talvez o único que tenha conseguido a mesma coisa nos últimos anos, pra mim, tenha sido The Witcher 3. Ambos os jogos são muito diferentes, mas a ideia de explorar uma nova galáxia é altamente satisfatória dentro do conceito de Mass Effect, um jogo que sempre prezou por este tipo de ação e recompensou jogadores que foram além.
EOS, que é um dos primeiros planetas que encontramos é praticamente um playground pra quem gosta da jogabilidade que a série sempre nos trouxe, com um mundo aberto gigante que é praticamente impossível de ser explorado a pé, sendo necessário o uso da Nomad, que parece bastante com um batmóvel capaz de percorrer altas distâncias e até subir montanhas quando ligamos uma tração especial no veículo. Podemos saltar do carro a qualquer momento e entrar em combates ao velho estilo Mass Effect, usando coberturas e atacando quando possível, mas agora a roupa do Pathfinder tem mais recursos do que do Comandante Shepard, diferenciando um pouco a jogabilidade de Andromeda dos antecessores, mas a essência é a mesma.
Em outros casos entramos em cidades menores que podemos explorar a pé, aí o jogo se parece demais com os jogos anteriores dada a limitação dos lugares. Inicialmente você vai perder bastante tempo explorando EOS, mas vai ser recompensado com uma ótima experiência, tanto de jogo quanto de habilidades. No mapa encontramos locais secretos, relíquias, minérios misteriosos e tecnologia Kett, e tudo pode ser escaneado para adquirir conhecimento básico ou uma forma de melhorar a vida humana em Andromeda.
Elevando seu nível


A cada novo nível que você alcança, é possível melhorar algum aspecto do personagem. Os companheiros de Ryder possuem 5 características que podem ser melhoradas, enquanto que Ryder possui muitas habilidades novas para aprender. Cada jogador poderá ter uma maneira de se aventurar em Andromeda. Enquanto você pode acabar se acostumando com ataques à distância, usando habilidades biológicas, tecnológicas ou de armas de fogo, outros poderão alimentar as características de um combatente corpo a corpo, o que pode resultar em jogabilidades totalmente distintas. É a tal da liberdade que a Bioware já é conhecida por nos dar em cada um de seus jogos.
Dentro do grid de habilidades existem momentos que você deve decidir para que caminho seguir, o que também pode diferenciar o seu guerreiro de outros guerreiros. Os personagens secundários, conforme ficam mais fortes, refletem diretamente nas habilidades de Ryder e do grupo, então é altamente importante saber quem levar para as missões, além de prestar atenção em quem tem interesses na área que você vai visitar. Normalmente ao entrar em Aya, Jaal deverá ser um de seus companheiros. Tudo isso vai refletir no seu relacionamento com os demais personagens e definirá até mesmo sua vida amorosa, que continua bem quente em Andromeda.
Multiplayer


Masss Effect Andromeda traz um modo multiplayer que é bem robusto, desafiante e pode ser jogado de forma cooperativa. Com outros três companheiros, é necessário percorrer os cenários impostos pela missão a fim de vencer hordas de inimigos e então, resolver determinado problema ou alcançar determinado objetivo. Você pode escolher que missão deseja seguir e o jogo fornece outras informações como o tempo necessário para conclusão da tarefa e o nível de dificuldade, além é claro de tudo que você pode ganhar caso tenha sucesso. Caso não queira jogar as missões, você pode mandar uma equipe para o campo e dependendo da habilidade de seus guerreiros, o jogo mostra o nível de probabilidade de sucesso que eles poderão ter.
Existem missões que são apenas feitas pelos seus companheiros e outras que você pode escolher se você mesmo joga. As missões não possuem ligação alguma com a história e servem para que você adquira mais recursos. O único problema que vi neste modo é que ele possui sua própria métrica de evolução e suas armas não acompanham o personagem do modo história para o multi. Fica meio sem nexo você lutar com equipamentos mais fracos do que usa no modo história e a curva de evolução no multiplayer exigirá muitas novas horas de jogatina. Recomendo que se aventure aqui aqueles que gostam de correr atrás de troféus e conquistas e quem terminar a história e quiser ver mais do jogo.
Uma experiência imersiva, nova e recompensadora


Sempre é muito bom adentrar em um novo universo, mas Mass Effect Andromeda consegue te levar ainda mais além. Os problemas são nítidos, mesmo com o patch recém lançado, mas Andromeda é um jogo tão gostoso de se dedicar, com personagens tão legais e uma história de qualidade, que você logo esquece dos problemas.
A Bioware acertou na receita que utilizou para que pudesse entrar de cabeça em uma nova história de Mass Effect e Andromeda é cativante o suficiente para criar suas próprias lendas e nos fazer esperar por mais uma trilogia de grande qualidade. Ignorando os problemas que são bem nítidos no começo e não atrapalham quase nada algumas horas depois, temos um jogo muito bom nas mãos, com muitas horas de diversão, segredos para desvendar e uma galáxia inteira para povoar. Afinal, os humanos são sobreviventes em qualquer situação e Andromeda mostra mais uma vez a força que podemos ter e isso é, no mínimo, inspirador.