Outlast chegou em 2013 como sendo um dos games mais aterradores já lançados, causando tanto alvoroço que acabou por reunir uma comunidade enorme de jogadores que usufruíram dos momentos de tensão do game, presentes do início ao fim. Agora, 4 anos depois, temos em nossas mãos a continuação deste que foi um marco do gênero survival horror, e o resultado não poderia ser pior – e digo isso no bom sentido.
Céu, inferno, e os mesmos fanáticos religiosos de sempre


Outlast 2 nos dá uma amostra de sua atmosfera pesada já nos primeiros minutos do game, onde o jogador no papel de Blake Langermann, deve encontrar a esposa do protagonista em meio à uma região árida e isolada, após ambos colidirem o helicóptero em que estavam. Assim como no primeiro game, novamente o jogador possui à disposição apenas uma câmera e muito fôlego para transitar pelo cenário tentando evitar inimigos sanguinários e aterradores.
À medida em que o jogador avança pela campanha, é perceptível a sensação de desconforto que paira sobre o personagem e que surge à partir de paisagens sombrias, fazendo com que o mesmo dialogue consigo enquanto vislumbra horrores inimagináveis distribuídos pelas áreas visitadas. A trama do game gira em torno da busca de Blake por sua esposa após a colisão, mas também apresenta um bom contraste em relação ao culto religioso cujos adeptos fanático se dispõe à realizar rituais dos mais pavorosos – envolvendo até mesmo crianças – e que são responsáveis pelo rapto de Lynn Langermann, esposa de Blake.
De fato, a equipe da Red Barrel desta vez surpreende por ir mais além em comparação com a imersão oferecida com o primeiro Outlast. Enquanto o jogador avança, existem registros diversos espalhados pelos cenários onde – graças ao fato do game ter suporte em português – é possível ler alguns dos “salmos” escritos pelo “profeta” Sullivan Knoth, tido como o mestre do culto que tem como base o “Novo Testamento de Ezekiel” – e que é considerado representante direto do anticristo.
Um novo jeito de fugir e tentar não ser morto


O game claramente exibe uma performance muito mais fluída do personagem quanto à ter de fugir e se esconder, e até mesmo a jogabilidade que já era tido como algo simples, recebeu algumas adições em prol de promover algo similar à uma situação real de sobrevivência. Além de se esconder em locais habituais como debaixo de camas e dentro de armários, o jogador agora terá à sua disposição novos locais para se manter, como dentro de barris.
Apesar de ainda se manter apenas com uma câmera, o personagem desta vez possui um novo – e deveras útil – recurso, que é a captação de áudio através de seu dispositivo, permitindo-o ter uma noção de onde os inimigos estão. Em locais onde a visibilidade é quase nula (que são frequentes), e há a necessidade de se esconder, esta se prova como uma das melhores opções para delimitar qual trajeto seguir.
Com relação aos inimigos – os ditos fanáticos religiosos – sua inteligência artificial parece ter sofrido melhorias talvez desnecessárias, pois desta vez eles estão ávidos por te encontrar, e garanto-lhe que eles irão muito longe até lhe alcançar e prender seu corpo em uma lâmina, estaca, ou até mesmo te enforcar com as próprias mãos.
Um desafio à altura de Resident Evil 7


Aqueles que estavam apressados querendo definir Resident Evil 7 como o game de horror do ano, lamento decepcionar-lhes, pois o que Outlast 2 lhe proporciona vai muito além – especialmente pelo fato de você não ter como se defender contra hordas de fazendeiros sanguinários. O game apresenta cenários que lembram muito o pântano em que o novo game da franquia da Capcom se baseia, mas suas referências vão além, fazendo alusão até mesmo à famosa cena do corredor de sangue presente em O Iluminado. A melhor parte, é que o cenário do game não se limita à apenas uma aldeia ou vilarejo, mas força o jogador à se deparar com plantações, estradas, rios e até mesmo minas subterrâneas, elevando a exploração promovida com o primeiro game à um novo nível.
Graficamente falando, Outlast 2 está “lindo” com todas as suas poças de sangue, machucados e tripas à amostra sendo bem modeladas e dando um contraste aterrador ao cenário. Quanto à trilha sonora, nada melhor do que o som de uma música sinistra de fundo pra te fazer sentir que algo de ruim vai acontecer em breve, mas acredite, você nunca está preparado para o que virá à seguir…
E o veredito é…
Sendo extremamente difícil de encontrar problemas com o game – salvo algumas vezes em que os inimigos se mostram mais violentos do que o habitual – Outlast 2 se sobressai como um dos melhores títulos do gênero Survival Horror ao qual eu tive a honra de me aventurar – e o desprazer de ter que lavar cuecas borradas em seguida. Não há de fato problemas evidentes com o game, e mesmo que haja, o jogador é forçado à ficar concentrado em seu trajeto para garantir que não seja esquartejado à qualquer momento.
O jogo contém linguagem explicita e chula, sendo não aconselhável expor crianças ao mesmo. Outlast 2 já pode ser encontrado com versões para Xbox One, PS4 e PC à partir de amanhã, dia 25 de abril de 2017.