Em uma parceria que ainda não consigo entender porque demorou tanto para acontecer, Steven Spielberg e Disney se uniram para dar vida a um dos maiores clássicos da literatura mundial, O Bom Gigante Amigo. Baseado na obra de Roald Dahl, o novo filme marca a primeira vez que Spielberg dirige um longa da Disney. Ele já participou de outros projetos como produtor, mas nunca dirigindo.
Com uma mistura de cenas em CG com atuações convincentes, o Bom Gigante Amigo falha no roteiro em determinados momentos, mas consegue divertir e emocionar em boa parte do filme.
O Gigante Sorridente


Um filme alcança seu objetivo quando consegue transportar o expectador para outro mundo, o que está na tela. Mesmo sentado na cadeira do cinema, podemos entrar numa viagem que dura duas horas, e essa viagem pode ser imersiva ou maçante. O Bom Gigante Amigo consegue te levar facilmente para um novo mundo logo no começo, com uma boa atuação de Ruby Barnhill, estreante de 11 anos que interpreta Sophie. A garotinha vive em um orfanato, não conhece os pais e sofre de insônia. Em uma das noites em que ela não consegue dormir, ela vê um gigante pela janela, andando nas ruas de Londres.
O Gigante leva Sophie com ele para a Terra dos Gigantes, para que ela não fale da existência dele e não coloque em risco o seu mundo. A interação dos dois personagens é excelente, e Mark Rylance, premiado ator inglês, consegue transmitir, mesmo por trás dos efeitos em CG, uma carga emocional muito grande no papel do Bom Gigante Amigo. Cada feição, fala, olhar e sorriso que ele dá, faz o expectador sorrir também. Com seu inglês desajeitado, ele deixa de ser um monstro logo nos primeiros minutos de filme.
Visualmente impecável


Todas as localidades do filme e personagens construídos em computação gráfica são admiráveis. As tomadas de câmera pra demonstrar o quanto que Sophie é pequenina diante do Gigante são muito bem aplicadas. O som vai junto com o visual, com músicas incríveis, efeitos de som que dão aquela sensação de que Sophie realmente corre perigo. A trilha sonora, composta pelo incrível John Willians, que também trabalhou com Spielberg em A Ponte dos Espiões e no recente filme da Disney, Star Wars VII: O Despertar da Força, é cativante.
Claro que hoje em dia, com a quantidade de estúdios especializados em computação gráfica, dizer que um filme da Disney é bonito pode parecer chover no molhado. Mas acredite, O Bom Gigante Amigo faz tudo beirando a perfeição neste quesito. O ar londrino, o sotaque britânico tudo cria um ambiente rico e fica ainda mais convincente quando somos apresentados a Terra dos Gigantes, que poderia ter sido mais explorada e parece guardar uma beleza incrível.
Derrubando o expectador durante a viagem


Lembra que falamos que um filme consegue alcançar seus objetivos quando leva o expectador em uma viagem para outro mundo? Pois bem, infelizmente, apesar de conseguir prender a atenção do público nos primeiros 30 minutos, a metade de O Bom Gigante Amigo se arrasta com cenas e acontecimentos que poderiam ser mais dinâmicos. Não demora muito pra que o filme volte a pegar ritmo, até que entra em sua reta final e novamente coloca o expectador no trem daquela viagem imersiva que falávamos antes.
Essa quebrada no ritmo não é benéfica e cria uma tentativa de fazer graça que poderia ter sido descartada do filme. No entanto, pouco influencia no resultado final.
Diverte adultos e crianças


Definitivamente, O Bom Gigante Amigo é direcionado às crianças, que vão se ver na pele de Sophie e procurar entender como seria sua realidade se encontrassem uma criatura Gigantesca, porém muito carismática. No entanto, as atuações de boa parte do elenco é muito convincente e suficientes para agradar também o público adulto, que vai ao cinema em busca de algo mais sério e vai encontrar aqui uma história que não é perfeita – ao menos no filme -, porém emociona , diverte e agrada bastante.
O Bom Gigante Amigo tem estreia marcada para o dia 28 de Julho no Brasil.
Trailer 1
Trailer 2