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Análise | 2Dark – Com cenas fortes, jogo mostra o terror e abuso contra crianças

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2Dark é um jogo que mistura terror, stealth e sobrevivência em um projeto do criador de Alone in the Dark, mas as comparações se encerram por aí. Não há nem como fazer um paralelo entre um jogo e outro, já que a ideia é outra e a execução é totalmente diferente. Talvez a única semelhança que tenhamos aqui é o fato de jogarmos com um personagem masculino com habilidades de detetive e um exímio sobrevivente, em um mundo maluco onde o mal aparece em diversas formas. Em Alone in the Dark enfrentávamos o desconhecido, em 2Dark enfrentamos o lado mais sombrio e asqueroso do ser humano.

Jogamos com Smith, um detetive de polícia tranquilo e bastante familiar, que decide sair para acampar com a esposa e seus dois filhos. No local, enquanto ele montava as barracas do acampamento, sua esposa e filhos se afastam um pouco dele para buscar algo num bosque e minutos depois uma tragédia imensa cai sobre sua vida. Sua esposa está dilacerada no chão e já sem vida, enquanto que seus dois filhos foram levados por um carro desconhecido. Sete anos depois ele vive sozinho e ainda com esperanças de um dia, encontrar àqueles que ele tanto ama.

Você tem medo de Palhaços?

Na busca incessante por seus filhos, Smith acaba se afastando de tudo que poderia um dia fazer bem para ele e entra no seu próprio mundo de ilusão (ou não) de que um dia sua vida possa ser, ao menos, um pouco mais preenchida com a presença de suas duas crianças ao seu lado. Porém, nessa busca incessante, ele acaba descobrindo que existe um esquema gigantesco de tráfico de crianças onde cada uma das pessoas interessadas nos pequenos, as usam para fins diferentes. São situações pesadas, difíceis de crer que possam existir. O primeiro grupo que ele encontra é em um circo, todos vestidos de palhaços deixando o negócio ainda mais tenebroso.

A partir daí 2Dark, que parecia um jogo meia boca, sem jeito e sem propósito, passa a ganhar uma cara diferenciada do que a gente vê por aí e se torna um game pesado, apesar de toda sua simplicidade. Existem dinâmicas muito interessantes onde o game brinca com o escuro e com os itens, como a falta de balas, de saúde, até mesmo de pilhas para a sua lanterna. Podemos dizer que 2Dark está mais para um jogo de stealth do que de terror, mas existem perigos por todos os lados capazes de matar o seu personagem empalado, em buracos, armadilhas, sendo necessário encontrar o balanço entre o uso da lanterna para ver os perigos ao redor ou andar no escuro para não ser visto pelos inimigos e pegá-los de surpresa.

Jogabilidade travada, mas depois de um tempo passa

De cara, eu devo confessar que não gostei da jogabilidade de 2Dark e por pouco não larguei o game nos seus primeiros 30 minutos. No entanto, após alguns relatos de que os fatos que ocorriam nos capítulos posteriores eram muito traumáticos e pesados, dei mais uma chance ao game e foi a melhor coisa que fiz. Os cenários ganham uma magnitude e cuidado muito maior, criando quebra cabeças gigantes, necessidade de usar disfarces, além de diversas maneiras de avançar. Por exemplo, você pode muito bem entrar atirando em tudo, ou aproveitar que há uma vaga de emprego como faxineiro e se infiltrar no prédio alvo sem que desconfiem de você, enquanto verifica cada canto do cenário atrás de novas pistas. São inúmeras possibilidades que fazem jus ao tamanho do inventário do game, que também assusta de início por sua falta de praticidade, mas depois acaba se tornando imprescindível para o avanço no jogo.

O objetivo de Smith é encontrar seus filhos, mas ele vai achando outras crianças em sua aventura macabra e se vê obrigado a salvá-las. Se for adulto e estiver envolvido com o esquema todo, há grandes riscos de morrer pelas mãos de Smith. Encontramos diversos tipos de armas, desde facas, pé de cabra, pedaços de madeira, armas de fogo e muito mais. O negócio é sobreviver para que então, Smith possa salvar a vida dos pequenos que foram raptados e que passam por maus bocados. Afinal, uma criança deve ficar bem traumatizada de ficar presa em caixas de madeira ou até mesmo em gavetas de necrotérios. Quando Smith encontra estas crianças, é necessário levá-las até a entrada do estágio num local determinado e elas vão embora sozinhas para casa, numa noite escura e chuvosa. Bela forma de salvar as crianças Smith.

 

Além de salvar o máximo de crianças possíveis, já que nem sempre elas sobrevivem às situações malucas de 2Dark – uma delas que eu estava salvando foi comida por um leão O.o – é preciso encontrar todas as pistas do cenário para que Smith saiba para onde ir depois. Ele volta para casa com o que achou e investiga tudo para definir seu próximo passo. Quando você chega ao final do cenário já possui tantos itens que fica realmente difícil de gerenciar, navegar e às vezes até de identificar o que é cada um dos deles.

O que poderia ser melhor construído também é o uso das armas, tanto as de fogo quanto as brancas. Novamente, há uma simplicidade incômoda nesta parte, como mira automática e movimentos bem mais ou menos enquanto tentamos derrubar os oponentes. Muitas vezes é necessário atirar tanto em um mesmo inimigo que as poucas balas vão embora e mesmo usando faquinhas em inimigos de costas, que piscam em amarelo quando você se aproxima indicando que o inimigo será neutralizado na mesma hora, parece que o jogo falha e você é pego desprevenido, mesmo fazendo tudo certinho, e aí meu amigo, é morte na certa. Por isso, é importante sempre salvar o jogo e Smith faz isso fumando um cigarrinho. Mas cuidado, se salvar muitas vezes ele pode começar a tossir e os inimigos poderão saber exatamente onde você está, mesmo no escuro.

Podia ser um pouquinho diferente

Não sei se é por conta de investimentos, falta de grana, mas 2Dark é um jogo feio. A escolha visual e artística do game deixa tudo com cara de velho, de geração PS2 quase PS3. É estranho que hoje em dia tenhamos um jogo num nível gráfico desta maneira, mesmo que a gente olhe com bons olhos o fato da simplicidade jogar a favor do game em outros aspectos e vale lembrar que grande parte dos jogos indies se destacam pela beleza, mesmo em engines mais ultrapassadas. Graficamente 2Dark fica devendo bastante e influencia sim na imersão geral. Nosso personagem quando apanha, fica faltando pedaços enormes do corpo e ele continua de boa, andando pra lá e pra cá. Como os cenários são em sua maioria escuros e você deve andar na surdina para não ser pego, parece sempre que a ambientação poderia ser melhor trabalhada e falta um trabalho de luz melhorado.

No entanto, o que o jogo fica devendo na parte gráfica e na jogabilidade meio travada no início do jogo, ele faz bem no som, com bons efeitos no ambiente, apesar de as músicas não se destacarem. Em um jogo de sobrevivência e stealth, o som é algo imprescindível.

A Ideia e a mensagem são ótimas

2Dark pode ser resumido como um jogo que tem uma premissa muito boa, um tema pesado e altamente chamativo, mas que foi executado de uma maneira que não está de acordo com o tamanho da importância que este game poderia ter. A mensagem de terror ao abordar o sequestro de tantas crianças talvez seja o maior mérito do game e a psicopatia dos personagens que nem parecem vilões, mas sim doentes capazes de qualquer coisa para saciar seus mais profundos desejos, anseios e loucuras.

O mais maluco é que Smith acaba virando de forma muito inteligente por parte da narrativa de 2Dark, um cara insano e também capaz de qualquer coisa para conseguir parte de sua família de volta, o que cria uma ambiguidade interessante para o jogo, que infelizmente acaba perdendo muito de sua magia na execução. De todo modo, 2Dark é uma experiência refrescante e diferente, pesada e macabra, além de um provável pontapé de novas ideias por parte de Frédérick Raynal e seu novo estúdio.

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Ariel Souza

Já inventaram o PS4, o Xbox One, portáteis com jogos de console e até celular com capacidade de PC. E ainda tem gente me enviando solicitação de jogos no Facebook.

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