Potência à parte, o mais antigo dos videogames desta nova geração é sim o tal do WiiU, o aparelho doméstico da Nintendo que sucede o eterno segundo videogame de todo mundo, o Wii. O aparelho já está há mais de 2 anos no mercado, eu sei que nem parece, mas é verdade. Na real, não parecia nem uma coisa nem outra: nem que ele estava há 2 anos no mercado e nem que se trata de um aparelho desta nova geração, e a Nintendo sofreu à beça com isso. Culpa dela: marketing horrível, nome confuso, design pobre, poderio gráfico defasado, e um gamepad com tela própria que chegou a ser confundido com um acessório para o Wii determinaram um início de vida catastrófico para o aparelho, que como se não bastasse, ainda sofreu de uma seca terrível de jogos que fizessem valer a compra do produto. Veja bem, ninguém compra um console novo pra jogar ports de Mass Effect ou Assassins Creed simplesmente por que essa pessoa quase que certamente já tem algum aparelho que rode isso. O que vai determinar o sucesso ou não do WiiU são os exclusivos, jogos que só vão aparecer nele, e esses jogos precisam ter qualidade, precisam ser chamativos e acima de tudo, precisam mostrar o que de bom o console pode oferecer. No caso do WiiU, até pouco tempo atrás isso praticamente não existia.
Foi um primeiro ano pra se esquecer e provavelmente foi o pior lançamento de um console de mesa da Big N de todos os tempos.
Só que finalmente aqueles jogos arrasa quarteirões que todo fã estava esperando começaram a aparecer, e mesmo que nenhum deles até o momento tenha mostrado alguma forma realmente decente de se usar a telinha do gamepad que não seja para transformá-lo em um portátil de modo poder jogar na cama deitado (o único até agora que fez valer de verdade o uso da segunda tela foi ZombiU), pelo menos eles deixaram a impressão de que em fim, o WiiU havia sido lançado de verdade, e de todos aqueles jogos mostrados ou anunciados durante ou pouco tempo antes da E3 2014, Mario Kart 8 seria o próximo a chegar às lojas.
Quais as expectativas? O último Mario Kart para console caseiro havia vendido incríveis 34 milhões de unidades ao redor do mundo, ou seja, 30% de quem tinha um Nintendo Wii comprou o jogo, e convenhamos que poderia ter sido 50 ou 60% se aquele videogame não tivesse sido aquele ame ou odeie tão grande. Outro dado interessante é que nunca um jogo desta franquia vendeu menos de 5 milhões de unidades, sendo que em último lugar vinha Mario Kart Super Circuit, para GBA, com 5.47 milhões de jogos vendidos. Então, para um console com base instalada de pouco mais de 5 milhões de unidades, as expectativas eram de que Mario Kart 8 se mostrasse bom o suficiente para alavancar as vendas do Nintendo WiiU, coisa que ele a princípio conseguiu, mas que surpreendentemente esfriou até rápido. Mas isso não quer dizer de jeito nenhum que o game fracassou em sua missão, muito pelo contrário: a atual imagem do WiiU deve muito a este game, e se você é dono de um desses aparelhos e ainda não tem Mario Kart 8, então fique sabendo que você está deixando de jogar um dos melhores jogos de corrida da história.
Mas este é só o ponto de partida, existem outros muitos fatores que fazem deste Mario Kart um jogo épico, a começar pelo visual, e já aproveito aqui para um desabafo rápido: como é bom finalmente ver jogos da Nintendo em resolução decente! Claro, não é o ideal ainda, pra mim o Wii já deveria ter nascido com esse potencial gráfico, mas antes tarde do que nunca! Em fim, o trabalho de arte aplicado em MK8 é absurdo. Cada pista, cada brilho, cada veículo, cada textura, tudo é caprichado a um nível doentio, mas aí vem aquele pessoal de sempre reclamar quando a gente diz que “Só a Nintendo faz isso” mas caramba, é verdade! Só ela mesmo pra se preocupar com detalhes que não fariam a menor falta se não estivessem ali, mas que por estarem, deixam a coisa toda muito mais imersiva. Não basta para ela fazer aquele barulhão de cachoeira quando se desce uma catarata na pista Shy Guy Falls, a gente tem que escutar também o deslizar do ovo gigante na Yoshi Valley, as Plantas Piranha mordendo no ritmo da música frenética da Eletrodome, o som oco ao ficar submerso na Water Park, as pedras rolando assustadoramente ao nosso lado na Thwomp Ruins… Cada partezinha do cenário por mais minúscula que seja pode contribuir com algum detalhe visual e sonoro que ainda vem acompanhado de músicas que simplesmente arrepiam, das originais às antigas remixadas. Em especial a trilha sonora da Raimbow Road do N64 é algo que me arrepia por si só (sim, o game tem duas Raimbow Roads), e essa versão remasterizada dela ficou absurdamente linda!
A maravilhosa Rainbow Road do N64 e sua trilha sonora magistral… Até assoviei…
As pistas são aquela velha mistura de circuitos novos originais com antigos refeitos de forma aproveitar o magnetismo, e caros amigos, tem umas velhas conhecidas lá que ficaram surpreendentes! O magnetismo está presente principalmente nos circuitos originais, e além de nos causar vertigem com as viradas e tombadas de tela, ainda garantem ângulos de visão nunca imaginados em um game deste segmento. A mistura disso tudo causa um visual único, muito além do que qualquer fã da franquia poderia esperar. Mas não basta ser bonito, tem que inovar, e isso MK8 também faz e faz bonito.
O aprendizado leva um pouco de tempo, mas é extremamente gratificante! E como sempre, a Nintendo facilitou pra você: e em MK8 não é só Leve, Médio e Pesado, é Pena, Leve, Médio, Médio Pesado, Pesado, Metal e Super Pesado. Pois é, como já dizia aquele comercial antigo, é a única empresa que ferra com a sua vida, e você adora.
Essa customização toda funciona maravilhosamente bem por um simples detalhe: tudo está muito bem balanceado. A Nintendo tomou muito cuidado para que erros antigos não se repetissem, como as motos em Mario Kart Wii que eram bem mais velozes que os karts devido às empinadas e ao off-road absurdo de algumas delas, e o mesmo cuidado foi tomado para que não existam aquelas combinações matadoras que ficam muito melhores que qualquer outra, o que faz com que de uma hora pra outra, todo mundo passe a correr com o mesmo personagem e carro, tipo aquilo que acontece com muito MMORPG genérico (ou não) por aí: alguém descobre qual é a melhor combinação de classe/arma/skill, e no dia seguinte todo mundo quer fazer o seu próprio clonezinho. O resultado é que a variedade de combinações que se vê nas partidas do modo online é alta, dificilmente vemos dois competidores 100% iguais. Eu mesmo uso uma configuração matadora que pouco se vê: Morton com Speedy Bike, pneu slick semi-Balão e asas leves, o que já me rendeu quase 7 mil pontos no modo Online até o momento, e subindo! Por sinal, é no modo Online que o bicho pega, não é pouco, e é por isso que eu resolvi tratar esse assunto em separado.
Claro, cada novo jogo da franquia sempre tem seus itens exclusivos, mas alguns clássicos da inimizade sempre estão presentes mesmo que se comportem de maneira diferente, como por exemplo as cascas de banana: em MK8 existe a casca simples e a tripla, só que agora elas não ficam mais alinhadas atrás do kart como em Mario Kart Wii, e sim, girando em volta dele, e isso faz uma diferença brutal na hora de se defender. O irritante POW! foi retirado, Raios, Bullet Bills e Cascos Azuis foram mantidos, e dos itens 100% novos destacam-se a Planta Piranha, que garante um turbinho maroto enquanto morde os outros corredores, o bumerangue, que dá pra ser atirado pra frente e pra traz várias vezes, o temível 8, que são nada mais que 8 itens do jogo que ficam girando em volta do seu kart, e a buzina, que nos defende de quase tudo no jogo inclusive do, pasmem, Casco Azul.
O negócio é que, como já disse antes, você é jogado em uma selva cheia de animais selvagens quando adentra no modo online do jogo, só que até agora, isso nunca havia acontecido na franquia. No Wii, este modo foi completamente avacalhado pela pirataria, que além de por muita gente lá que nem possuía de verdade o jogo, ainda permitia que esse pessoal utilizasse cheats que deixavam a jogatina simplesmente impraticável, e nos demais jogos, o máximo que acontecia era disputar a corrida com outras 3 pessoas, pois o restante dos corredores controlados pelo computador possuíam uma IA baixa demais, e serviam só de contingente mesmo, raramente interferindo na briga pelas primeiras colocações. A situação em MK8 é nova: nenhum fã da franquia estava verdadeiramente acostumado com 12 pessoas tacando itens uns nos outros! É muito comum o jogador ser destroçado por dezenas de itens durante uma única volta, e a troca de posições se tornou algo constante. Não basta mais ser um expert no traçado da pista, pois uma única bordoada bem dada na última volta pode ser a sua ruína, principalmente se você estiver precisando de proteção e acabar pegando uma bendita moeda em vez de algo que possa segurar algum ataque inimigo.
Essa zona toda deixou o jogo mais divertido do que nunca, pois ninguém se destaca demais nas corridas, e todos tem possibilidade de vitória. É só torcer para que o primeiro colocado pegue um item bem ruim e pronto: ele será Mariokartizado e terminará lá no pelotão intermediário ou até pior. Eu mesmo já cheguei a tomar um casco azul vendo a linha de chegada a poucos metros, e acabei terminando em último de tanta porrada que veio depois, e já vi o mesmo acontecer com outras pessoas uma cacetada de vezes, ou seja, o jogo é injusto, mas é injusto com todo mundo, então ele se torna justo… Péra lá…me perdi…
Mario Verde Luigi já virou mito, e a coisa vai melhorar mais ainda com o lançamento das duas DLCs que acrescentarão tanto conteúdo que mais vai parecer que lançaram um jogo novo do bigode. Me surpreende que até agora este game tenha vendido apenas 2.7 milhões de unidades, mas quando vejo a pouca base instalada de consoles, 7.2 milhões, me vem aquela mesma porcentagem de público que comprou o Mario Kart do Wii, algo próximo dos 30%. Só que o Wii com 2 anos de vida já tinha vendido uns 40 milhões de unidades, e é aí que mora a diferença entre os números, pois as vendas de um jogo estão totalmente relacionadas ao número de consoles vendidos. Se olharmos bem, a verdade é que no geral a venda tanto de consoles quanto de jogos nesta geração caiu tipo um precipício em relação a geração passada. Por quê será? Preço alto? Falta de atrativos? Pouca inovação? Em fim…
A Nintendo errou demais com o seu aparelho, e isso não sou eu que estou dizendo: é o mercado, as baixas vendas, a pouca base instalada, as third partys, e infelizmente isso vai refletir nas vendas de seus jogos por um bom tempo. Mas não na qualidade deles: nisso a empresa sempre se supera, e consegue mostrar que ainda sabe como ninguém fazer um jogo tão épico para os fãs quanto divertido para as massas. Mario Kart 8 é esse jogo, para mim, o melhor game da franquia já lançado, sem modéstia e com folga. Sem dúvida ajudou e ainda ajuda muito na missão de fazer com que o WiiU atinja finalmente uma base instalada de tamanho considerável, e bom o suficiente para isso ele é. Só que o WiiU precisa de mais, muito mais, e é aí que a Nintendo precisa mostrar serviço mais do que nunca. O console só terá a agradecer, e o seu público também!
Boss do Retroplayers.com.br porque o negócio é meu. Blogueiro, caster e jogador de videogame porque tenho tempo para isso. Crítico de jogos e filmes porque sou chato. E Analista de Informática porque algo tem que me dar dinheiro né!
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