Já faz alguns anos que joguei ZombiU. Foi um dos títulos presentes no lançamento do atual console da Nintendo, e por sinal, foi o melhor deles sem sombra de dúvida. Quando surgiu, era o novo Survivor Horror da gigante Ubi Soft, título que prometia ser tensão e sustos do início ao fim, e que aparecia em vídeos onde o gamepad do WiiU era usado de formas tão geniais que os fãs da fabricante ficava alucinando com as infinitas possibilidades que poderiam encontrar não só naquele jogo, mas em dezenas de outros games que poderiam beber da mesma fonte. O título viu a luz do dia e cumpriu o que prometeu: sustos, tensão, situações desesperadoras, um inesperado alto nível de dificuldade, ótimo replay, e principalmente, um excelente uso da telinha do gamepad, peça chave na criação do clima pesado do jogo.
Detalhe é que geralmente é a própria Nintendo quem ensina às fabricantes como usar seus acessórios… Só que neste caso, quem ensinou a coisa foi a Ubi Soft, só que ninguém prestou atenção nas aulinhas dadas em ZombiU. O gamepad nunca mais chegou nem perto de ser usado tão bem quanto neste game, e acabou por se tornar basicamente um WiiU portátil para se jogar na cama.
Pois é, antes de falarmos desta remasterização para as demais plataformas, devo ressaltar a importância que o gamepad do WiiU tinha para o título, pois ele era o motivo das minhas dúvidas referentes à qualidade de Zombi, a nova versão do jogo de terror da Ubi Soft.
Na esquerda, tela do original de WiiU, e na direita, o Remaster no PS4: reparem na diferença do efeito de iluminação
Posso dizer então que pioraram o jogo neste remaster? Sim, ligeiramente, mas sim. Só que neste caso nada está perdido, por que um detalhe muito importante deve ser levado em consideração: Zombi é um senhor jogo de terror pós apocalíptico, um dos melhores survival horrors da geração quiçá de todos os que existem, e chega agora para as outras plataformas da atualidade com ar de novidade. Não esqueçamos: o game era exclusivo de de um console que já a algum tempo carece de popularidade, e que sempre teve como principais estrelas os games da própria Nintendo. Assim, ZombiU chegou a tão poucos compradores que a UbiSoft tratou logo de descartar oficialmente qualquer continuação para a franquia. Mas parece que eles podem estar mudando de ideia: o relançamento do game em outros consoles pode vir a significar que a empresa planeja continuá-la como uma franquia multi plataforma (se continuaria aparecendo no WiiU, ninguém sabe), e apresentar este primeiro game ao maior número de jogadores possível é essencial para que a franquia se torne lucrativa. Eu espero que isso aconteça, mas por enquanto, vamos tratar de como funciona esse tal de Zombi e do por quê de ele ser tão bom mesmo sendo tão antiquado.
Este é o interior da Mochila inicial. Mais tarde é possível encontrar uma mochila maior, e isso ajuda demais!
E não importa onde você estava quando morreu, pode ser do outro lado da cidade no final do último corredor subterrâneo do castelo da raínha, seu novo sobrevivente partirá do ponto inicial da aventura (o “abrigo”), e deverá ir até lá só com os equipamentos iniciais (a não ser que você tenha deixado algo anteriormente no abrigo, onde existe um container), sem check point, sem aquela mamata corriqueira da maioria dos jogos por aí de morrer e continuar do último auto-save que geralmente acontece 10 metros atrás, e o pior, com seu novo sobrevivente em nível zero. Acontece que seu personagem vai melhorando suas habilidades de tiro com cada arma que ele usa, o que garante melhor aproveitamento da munição e recarga mais rápida dentre outras benfeitorias, e isso não é transferível: morreu, perdeu. Para melhorar ainda mais a situação, quanto mais forte era o personagem, mais forte será o zumbi que ele vai se tornar.
Policiais zumbificados demoram uma eternidade pra morrer na paulada. À direita, o mapa, que antes ficava no gamepad do WiiU.
Você já deve ter percebido a essa altura que em Zombi precisamos realizar missões para avançar, mas na realidade o objetivo principal é ficar vivo mesmo. A obrigação de não morrer para não perder o nosso personagem causa uma tensão absurda, tanto que até começamos a criar afeição por alguns deles quando começam a durar bastante. O frio na barriga quando somos surpreendidos por algum morto decomposto que apareceu do nada mais parece com uma nevasca caindo em cima da gente, e o resultado é que andamos a passos curtos, verificamos tudo em cada curva, qualquer ruído nos faz olhar para traz. Voltar para o abrigo são e salvo é a maior sensação de alívio que o jogador vai conseguir no game, o resto todo é pura sobrevivência.
Aliás, é no abrigo que salvamos o jogo, e é sempre bom voltar pelos “atalhos” (lê-se bueiros do sistema de esgoto da cidade) desbloqueáveis para guardar aquela munição ou item de cura que está sobrando e ocupando espaço na mochila. Sim, a mochila tem pouco espaço, e apesar de ser difícil juntar qualquer tipo de item no jogo, o repertório é grande: são pistolas, rifles, metralhadoras, fuzis, granadas, minas terrestres, sinalizadores, um monte de tipos diferentes de itens de cura, e por aí vai. Isso tudo sem contar com os novos bastões adicionados em Zombi: um taco de baseball com pregos, e uma pá, que são mais poderosos que o bastão inicial. O ruim dessas novas armas é que não dá pra tirar a droga do taco de cricket da mochila de modo levar só um bastão… Sempre teremos um espaço a menos ocupado por uma arma momentaneamente inútil.
Durante o gameplay, somos obrigados a enfrentar hordas de mortos vivos a todo momento e em diversas situações que vão de emboscadas a arrastões. Usar as armas de pancadaria contra zumbis solitários é sempre uma ótima opção para poupar munição, mas alguns deles necessitam de várias pancadas para finalmente serem neutralizados, e como o personagem cansa no processo (escutamos a respiração ofegante enquanto ele grita desesperado DIE! DIE!), nunca é bom tentar isso quando mais de um zumbi está de olho na sua carne suculenta. Já contra inimigos numerosos, várias táticas podem ser utilizadas, como atraí-los com sinalizadores para perto de objetos explosivos como galões de combustível e botijões de gás para então, mandar todos pelos ares com um só tiro, ou usar metralhadoras, granadas e coquetéis molotov em locais estreitos. Sempre existe também a deliciosa opção de usar aquele lindo rifle sniper de cima de algum local alto e privilegiado! Em fim, não faltam opções para exterminar os mortos vivos do jogo, mas para todas elas, é sempre necessário cuidado extremo, pois Zombi é um game traiçoeiro. Tudo ocorre em tempo real, ou seja, quando estamos equipando armas, mexendo na mochila, ou usando o dispositivo portátil que o personagem carrega, podemos ser atacados sem aviso, e como eu já disse antes, um só ataque pode ser fatal.
Assim como na obra de Romero, aqui também os zumbis são atraídos por luz. Aproveite e não desligue a aparelhagem!
A propósito, este dispositivo é muito parecido com o gamepad do WiiU. No original, quando íamos, por exemplo, escanear o ambiente em busca de pistas, precisávamos levantar o gamepad e movê-lo pra lá e pra cá como se ele fosse uma câmera digital, e o giroscópio embutido fazia o resto enquanto a tela da TV mostrava o personagem em 3ª pessoa fazendo a mesma coisa com um dispositivo idêntico. No remaster o formato do acessório foi mantido, mas a maioria das animações em 3ª pessoa foram removidas devido às adaptações pela falta da segunda tela. Usar o Scanner ficou algo idêntico ao que vimos anteriormente em Metroid Prime, e essa função permite interagir com objetos como câmeras, travas de segurança, centrais de informações, além de permitir enxergar mensagens ocultas pelo cenário. Vale citar que esse acessório evolui, e vai ganhando novas funções no decorrer da aventura.
ZombiU sempre foi um jogo sólido, daqueles que prendem o jogador e mostram que ainda é possível se criar ótimos games de sobrevivência. Seu grande problema foi ter nascido em uma plataforma onde reconhecidamente, é dificílimo um game que não seja da Nintendo fazer sucesso. Eu tinha muitas dúvidas quanto a esse remaster, mas a maioria delas eram relativas à falta da segunda tela, pois eu já conhecia a qualidade do game e sabia que só um trabalho absurdamente terrível de adaptação poderia estragá-lo. E no final das contas, jogar novamente ZombiU, ou melhor, ZOMBI, foi uma experiência igualmente assustadora. As adaptações da jogabilidade, apesar de simples, funcionam, e mantém o clima de tensão quase na mesma medida que o original, e quanto à aparência do game, não é por que o jogo tem gráficos antiquados que ele é ruim, isso nunca foi regra. Pelo contrário, Zombi tem potencial para se tornar uma grande franquia, e ser um porto seguro para aqueles que buscam verdadeiros survival horrors, difíceis, daqueles onde o importante é sobreviver acima de tudo para não sofrer as penalidades. O trabalho da Straight Right, a softhouse australiana responsável pelo remaster, foi digamos, decente, e se passou longe de ser primoroso, pelo menos não estragou a real experiência de se jogar este survival horror. E que venham mais Zombis por aí, maiores, com mais exploração, mais tensão, mortos vivos mais assustadores, e tudo mais que um Survivor Horror necessite para ser épico.
Boss do Retroplayers.com.br porque o negócio é meu. Blogueiro, caster e jogador de videogame porque tenho tempo para isso. Crítico de jogos e filmes porque sou chato. E Analista de Informática porque algo tem que me dar dinheiro né!
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