Aves de Rapina é uma grande viagem nas loucuras de Arlequina | Crítica

Aves de Rapina tem uma dura missão pela frente: fazer os fãs se divertirem com um filme que é derivado de Esquadrão Suicida. Embora exista uma sequência em desenvolvimento, Esquadrão Suicida 2 tem tudo para ser diferente do original, enquanto Aves de Rapina tem muito do filme que lhe deu origem. 

Contudo, a Warner tinha que aproveitar o que de melhor aconteceu com o filme original e seu nome é Margot Robbie. A atriz nasceu para fazer a Arlequina e dar um filme para ela parece ser a escolha mais acertada. A questão é: existe conteúdo suficiente para Birds of Prey existir?

Surpreendentemente Aves de Rapina tem sim conteúdo suficiente para existir

Em uma explicação até que bem construída, o filme detalha a falta do Coringa. Senhor C. não faz mais parte da vida da Arlequina. Assim, a personagem busca provar ao mundo que sua emancipação é real, na maior demonstração possível de empoderamento feminino. Muita gente pode até se incomodar com esse tema, tão em voga no filme. Mas é justamente em torno da força da mulher que se cria o grupo denominado Aves de Rapina. Ainda que o filme demore para explicar como o grupo se formou e vire, em alguns momentos, uma história de diversas origens.

Contudo, é surpreendente ver que a diretora Cathy Yan deu uma pitada até mesmo original para Aves de Rapina. Se o que mais chama a atenção é a Arlequina e Margot Robbie, a diretora fez um ótimo uso da personagem até quando ela não está na tela. Assim, Arlequina é uma espécie de narradora do filme, dando um tom cômico e de bom gosto para a história. Ouso dizer que esse é o principal motivo do longa ser divertido. Afinal, Arlequina é maluca e o filme é praticamente contado por ela. Logo, espere por cenas insanas, cortes inesperados e flashbacks. 

Humor quase na pitada certa

Aves de Rapina é um filme que tenta usar vilões insanos de uma forma engraçada. Até o grande vilão da história, o Máscara Negra (Ewan McGregor) tem momentos que parece um Coringa. Mas a ideia claramente era dar um tom sádico, misturando ações violentas com piadas que vão variar entre boas e infantis. Não chega a ser um filme totalmente engraçado, uma vez que nem todas as piadas são boas. Na verdade, tudo no longa parece mediano, sem muitos motivos para o espectador pensar. Imagine que estamos em uma viagem maluca dentro da cabeça de Arlequina. Se algo não fizer sentido, tudo bem.

Porém, é aí que o filme pode dividir opiniões. Enquanto parece não se levar a sério, consegue ser mais divertido do que eu esperava. Daí vem momentos que o roteiro tenta ser mais cabeça, mas parece galhofa. É uma gangorra de qualidade que acaba fazendo o espectador perder um pouco da atenção. Assim, a imersão não é das melhores.

Outro recurso muito bem utilizado, mas que acabou sendo desperdiçado, foram os momentos que a Arlequina quebra a 4ª parede e fala com a gente. Parecia que isso seria mais utilizado, até de uma forma mais inteligente durante o filme. Então do nada, nunca mais ela usa esse recurso, como se tivesse esquecido que a gente estava ali.

Aves de Rapina: Vale a pena ver no cinema?

Essa talvez seja a grande pergunta. Confesso que me diverti mais do que esperava com o filme. Mas não foi nada extraordinário. Definitivamente não é um novo Esquadrão Suicida e a única herança daquele filme é a Arlequina. Margot Robbie está sensacional. Repito que ela nasceu para este papel. Mas a falta de um roteiro mais bem produzido e personagens que se levem mais a sério transformam o longa em algo legal, mas longe de ser inesquecível. Com a Warner tendo lançado Joker recentemente, essa cobrança pode existir nos próximos filmes. 

Resta saber se a Warner vai conseguir utilizar a Arlequina fora desse universo e dar mais importância ainda para Margot Robbie. Caso contrário, teremos estes filmes com cara de spin-off somente para dar razão para a personagem existir no cinema, mesmo sem o Coringa.

NOTA: 7.5