
Quando fala-se de eSports a galera já pensa logo em: League of Legends, Counter Strike, DOTA 2, CROSSFIRE, EVOs…sim, justo, são os torneios que mais são divulgados, mas o que poucos sabem é: Há um campeonato mundial de Just Dance e, pela segunda vez consecutiva, a taça é brasileira.
Diegho dos Santos “Diegho.san”, o bicampeão MUNDIAL, e a francesa Amandine “Dina” Morisset atual vice, abrilhantaram a CCXP com sua presença, além de brincar com o público em desafios interessantes do game de dança da Ubisoft no palco principal do estande da Ubisoft/Saga.
Com uma simpatia sem tamanho, os dois conversaram conosco contando um pouco da trajetória, das competições e algumas informações que ninguém poderia imaginar em saber.
Combo Infinito – Vocês já tiveram alguma Formação em Dança?
Diegho: Eu nunca fiz aula de dança.
Dina: Eu faço aula de Zumba. Ajuda um pouco no Just Dance porque é tipo parecido. Mas dançar profissionalmente não.
CI – A performance da Zumba você acha parecido?
Dina: Isso a performance é parecida. Muito divertido, muita energia, e tudo mais.
CI – Como você descobriu que tinha jeito pra dança?
Diegho: Bom, eu sou Nintendista. Então o primeiro Just Dance que eu joguei foi no Wii, era exclusivo do Wii e uma amiga minha comprou e me deu esse jogo. Bom, nunca havia jogado um jogo de dança, nem nas máquinas de Arcade, nem aquele dos tapetes e Just Dance foi meu primeiro contato com o jogo de dança.
CI – Como foi sua história com Just Dance? (Dina)
Dina: A minha história começou com minhas primas, que eram mais jovens e tinham o jogo e me chamavam pra dançar com elas. Depois de algum tempo eu comprei pra jogar em casa. Jogava por diversão, com os amigos num sábado a noite e foi esse o começo.
CI – Quando foi que vocês perceberam que essa brincadeira poderia ficar séria?
Diegho: Conforme o Just Dance foi crescendo e a partir do Just Dance 3, começaram a ter torneios aqui no Brasil. Então foi quando eu comecei a me dedicar e treinar e participar desses torneios. Mas nunca imaginei que iria pra um torneio mundial. Eu treinava pros torneios locais.
CI – E ganhava?
Diegho: Sim eu ganhava. Fui até barrado em uma competição, porque eu tinha ganhado um torneio e o prêmio era um Xbox 360. Depois de alguns meses, uns 5 mais ou menos, teve uma outra edição e quando eu comprei o ingresso eles descobriram que eu ia participar ninguém mais comprou. Devolveram meu dinheiro e cancelaram o torneio.
CI – Os competidores?
Diegho: Sim, ninguém queria mais participar. Aí passou mais um ou dois meses eles fizeram a inscrição online e um amigo me avisou, aí eu fui lá e me inscrevi. Quando eu cheguei lá eles olharam e devem ter pensado “Não acredito esse garoto aqui de novo” (risos). Ganhei de novo, um tablet na época, e nunca mais eles fizeram o evento lá.
CI – Para competir em alto nível, quanto tempo é necessário para o treinamento ser efetivo?
Dina: Horas e horas e horas que nem consigo contar. É demais, é demais.
CI – Vocês tem todas as músicas decoradas?
Diegho: Sim dos outros Just Dances sim, desse novo ainda não tive muito tempo para treinar e decorar.
Dina: Porque tinha um campeonato e eles deram 10 músicas pra gente treinar, então nós ficamos focados nessas 10.
Diegho: Antes do lançamento a gente assinou um contrato pra não divulgar quais serão. Então a gente recebe os vídeos e a gente treina pra chegar lá. Porque na verdade, como o campeonato foi agora em Outubro e o jogo lança dó dia 20 de Outubro, então não tem como treinar depois do jogo ser lançado, temos que ter as coreografias antes.
CI – Em horas de treinamento, dá pra quantificar? Para o Campeonato Mundial?
Diegho: Pro campeonato Mundial eu treinava o dia todo. Eu fiz a BGS e perdi lá 5 dias. QUando eu voltei pra casa eu acordava, tomava banho e treinava, aí quando eu cansava, eu sentava e ficava assistindo vídeos do youtube de pessoas dançando, e aí eu clocava no modo slow, vendo os movimentos bem devagar, passo a passo. Aí eu ganhava energia de novo e começava tudo.
CI – 100% de dedicação né?
Dina: É tem que ser, porque se você quiser atingir o nível ótimo, não tem como. Você tem que passar horas e horas e horas.
CI – Vocês fazem algum tipo de treinamento para condicionamento?
Dina: Também, eu até mudei minha alimentação e comecei a dormir 8 horas por dia para poder ter a energia e ficar o dia todo dançando, porque senão não tem como.
CI – Como está o reconhecimento do público agora que vocês dois são os melhores jogadores de Just Dance do mundo?
Diegho: Bem divertido ser reconhecido, não só aqui, mas no mundo todo. Tem aqueles casos de um pouco de inveja, não sei da parte da Dina (Dina: É), mas da minha tem bastante. Pessoas começaram a falar mal de mim em rede social, tudo que eu posto falam mal, dizem que não era pra eu ter ganhado e que foi armado, essas coisas. Mas eu não ligo, bola pra frente, isso é apenas um e outro.
Dina: Quanto mais você fica conhecido, mais você vai ter fãs e também inimigas (Dina faz um gesto de beijinho no Ombro, música da “pensadora” Valeska Popozuda).
CI – Como funciona o processo do campeonato de Just Dance? Quais as etapas e os desafios?
Diegho: Como eu já era o campeão mundial eu recebi um convite para defender meu título. Eu ficava sentado tomando uma aguinha de coco só olhando os competidores. Só pra saber quem ganhava, enquanto a Dina, que ralava pra caramba…
Dina: É eu achava que não ia conseguir e ele ficava, você vai conseguir, você vai. Eu reclamava, mas ele falava, calma que vai dar certo. Foi muito difícil porque eu participei da etapa online, depois o evento local, em Paris mesmo, e um dia antes dessa competição foi o campeonato Nacional. Eu fui campeão da França pelo segundo ano consecutivo e foi assim que eu me classifiquei.
CI – Como foi para você vencer na casa da vice-campeã? (Risos)
Diegho: Então, enquanto eu tava dançando no palco na final eu só conseguia ouvir as pessoas gritando – “Dina, Dina Dina…”
Dina: Não foi não.
Diegho: Na final foi sim. A torcida era toda dela.
Dina: Era meu país (Risos)
Diegho: Era o país dela e eu era o inimigo ali. Graças a Deus eu não fui linchado. (Risos). Mas todo mundo apoiou, foi muito bacana.
Dina: O bacana é que não foi uma competição egoísta, a gente estava se divertindo junto.
Diegho: Acho que não só entre a gente, mas até na copa do ano passado foi bem legal porque o pessoal leva mais pra amizade. Eu acho que o Just Dance é o único jogo que leva mais pra amizade ao invés da competição.
CI – O ano passado foi o primeiro ano que você participou?
Diegho: O ano passado foi o primeiro torneio mundial. Eu fui o primeiro ganhador.
CI – O julgamento do campeonato é só pontuação ou existe algum tipo de júri?
Diegho: Existem três jurados. A pontuação do jogo vale 50% e os jurados valem 50%. Caso dê empate, quem dá o voto de minerva é o público online, que está assistindo pelo twitch ou site do torneio. E votam pelo tweeter.
CI – Quais as dicas que vocês podem dar pra quem quer começar a competir profissionalmente em Just Dance.
Dina: Jogar muito. Começa pra se divertir e depois aumenta o ritmo, não precisa todos os dias, mas todas as semanas pelo menos, porque o corpo tem uma memória e se você treinar …enfim, algo assim, fala você campeão mundial (Risos)
Diegho: Um macete? Hahaha. O Just Dance 2016 eles retiraram as dificuldades. Não tem mais fácil, médio ou difícil, então eu recomendo você começar com uma música de ritmo mais leve e se puder treinar pelo youtube, vendo vídeos. Você coloca, repete os passos, coloca em câmera lenta e vai indo treinando.
CI – Com esse declínio do futebol do Brasil, perdendo uma ‘Copa do Mundo’ com um vexame daqueles dentro de casa, você acha correto dizer que o Brasil é o país do Just Dance?
Dina: É!!!
Diegho: O Brasil já era o país do Just Dance. Não só eu, mas vários competidores brasileiros conseguiram boas colocações no ano passado e esse ano. E tem o Just Dance Now que no Brasil é o lugar que mais vende. O maior grupo de Just Dance nas redes sociais é de brasileiros.