Com o sucesso inacreditável de Invocação do Mal, a Warner não perdeu tempo e encomendou em 2014 um filme baseado na boneca satânica chamada Annabelle, que é um dos troféus da carreira dos Warrens e suas desaventuras contra espíritos malignos de todos os tipos. A boneca traz consigo uma entidade do mal que é retratada como uma criança que faleceu muito cedo, de nome Annabelle. No entanto, Annabelle de 2014 é um filme bem ruim, com atuações pobres e fórmulas velhas, que nada tem a ver com a qualidade de Invocação do Mal, ficando muito abaixo do que todo mundo poderia esperar.
Então, para a sequência do filme, que apesar de ruim arrecadou muito bem, assim como toda a franquia Invocação do Mal, o estúdio foi em busca de nomes que pudessem fazer jus à tenebrosa boneca e achou no talento de David F. Sandberg (Lights Out) o cara certo. Com um jeito de filmar parecido com o de James Wan, Sandberg consegue transmitir medo em cenas até simples, e a escolha dos atores e suas atuações ajudam bastante. Nem tudo é perfeito, mas antes de você se aventurar em nosso texto, já podemos lhe adiantar que Annabelle 2 é bem melhor que o primeiro.
Crianças sempre dão medo


Annabelle 2 se passa antes do filme de 2014, muito antes. Não é um longa da origem do mal que assombra quem está próximo da tenebrosa boneca, mas é quase isso. Explorando os medos e a curiosidade que crianças possuem dentro de si, o filme cria situações e cenas bem legais, que vão desde sustos com barulhos, aparições e vultos, até cenas mais bem trabalhadas e muitas vezes bem inteligentes. Tudo se parece bastante com a execução do terror que vemos em Invocação do Mal, e assim como no segundo filme da franquia, as crianças possuem um papel fundamental.
Annabelle 2 foca muito em Janice (Talitha Bateman) e a garota possui uma deficiência complicada que a impede de se movimentar com facilidade. Em momentos de tensão, ficamos mais aflitos que o normal por ver que Janice não consegue correr ou se defender, e Annabelle parece saber usar isso a seu favor. A interpretação de Talitha Bateman é muito boa, mas mais uma vez tenho que destacar o trabalho de Lulu Wilson, que interpreta Linda, irmã de Janice. A garota arrebenta em Ouija – A Origem do Mal (2016) e deve ter sido este trabalho que a credenciou a conseguir o papel de Linda em Annabelle 2. Ela tem bastante recurso para trabalhar em filmes deste gênero e com seus olhares e caras de espanto dá um brilho a mais para a história.
Terror com momentos de risos?


A fórmula utilizada em Annabelle 2 é muito parecida com a de Invocação do Mal, mas diferente do filme da saga principal dos Warrens, Annabelle traz momentos engraçados, mesmo que a ideia de colocar piadinhas fosse perigosa para um filme que tenta assustar. As cenas que fazem uso dessa ideia ficaram muito bem encaixadas e funcionam bem.
Mas o estranho é que na sessão que estive, muitas pessoas riam de cenas que eram pra assustar. Eu não chegava a me assustar tanto com o filme, mas me chamou a atenção como o clima denso de Annabelle 2 pode divertir quem se assusta e quem acaba vendo graça na reação dos personagens e nos acontecimentos do filme. A grande maioria das cenas são bem produzidas e devem agradar quem gosta de um bom filme de terror, mas não chegam a ser um primor do gênero.
Um alívio


Annabelle 2 consegue arrumar a casa e ser melhor que o primeiro filme, tarefa que sinceramente não seria tão difícil mesmo, mas faz tudo com qualidade, ainda que nem tudo funcione perfeitamente no filme. O roteiro tem vários buracos, as atuações não são perfeitas, mas temos grandes momentos e no geral o filme diverte quem gosta de uma boa história de horror.
Com a direção dada para a franquia agora, as portas se abrem mais do que nunca para o filme da Freira, que é referenciada em uma boa cena em Annabelle 2 e no pós-crédito do filme. Mais do que nunca passo a acreditar que mesmo não chegando perto do que é Invocação do Mal, os spinoffs da franquia da Warner podem ser bons filmes de terror até a chegada do terceiro Invocação.