Crítica | Boneco de Neve não empolga e é mais um filme “ok” na carreira de Fassbender

Contos policiais são sempre chamativos, pois em sua essência, tendem a brincar com o desconhecido. Enigmas, pistas, situações inusitadas e personagens que podem, de uma hora para outra, demonstrar sua verdadeira natureza. No entanto, para que um filme deste gênero funcione, é preciso ter momentos que aticem o espectador. A pessoa não pode se sentir apenas alguém alheio a história. Ela precisa se sentir na pele do policial, tentando desvendar o crime. Ou até mesmo, na pele do vilão, maníaco, serial killer, tentando entender o que se passa em sua mente danificada.

Baseado no livro de mesmo nome, escrito por Jo Nesbø, lançado em 2007, Boneco de Neve tenta surpreender. É um filme que traz um elenco de peso para contar uma história perturbadora. Mulheres desaparecem e são encontradas mutiladas, como se fossem punidas por algo. O que há em comum entre todos os casos? Um boneco de neve tenebroso com sorriso de café.

Coitado do Fassbender

Boneco de Neve tem como protagonista o personagem Harry Hole, interpretado por Michal Fassbender. O ator vem tentando diversificar seu trabalho entre um X-Men e outro, onde ele interpreta o Magneto. Eu gosto bastante do trabalho do ator e torço sempre pra que ele pegue bons projetos. Porém, após ser assassino em Assassin’s Creed e um androide em Alien Covenant, o ator parece não estar dando sorte em seus filmes. Boneco de Neve tenta dar espaço para uma boa interpretação de Fassbender, com um personagem perdido na bebida e nos revés da vida. Mas o que fica evidente logo de cara é que nada tem muita profundidade. Em pouco tempo, Harry Hole está apto a exercer sua profissão de detetive com tranquilidade, enquanto os fantasmas da vida dele são ignorados.

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Na verdade, não se explica muito sobre o passado do personagem. Não que isso seja um problema, mas falha em criar um background bom o suficiente para que nos importemos com ele. O mesmo pode ser dito da maioria dos personagens. Muitos são misteriosos de propósito, para que possamos desconfiar deles. Outros parecem sofrer com seus próprios demônios e por conta disso, acabam tendo reações diversas na história. Tudo isso resulta em um filme arrastado, que tem lapsos de qualidade. No entanto, em nenhum momento realmente chega a ser bom.

Potencial que derrete pelo caminho

Boneco de Neve não é uma catástrofe. É um filme que é capaz de te fazer ficar tenso e apreensivo por todo o tempo que dura. A história é bem contada, temos alguns personagens interessantes. Mas por diversas vezes fica evidente que a falta de um bom desenvolvimento e de situações chave tiram a imersão. Existiram momentos que me questionava por estar adivinhando o final da história muito antes da metade do filme. Tudo por conta de cenas tão evidentes que seriam usadas mais para frente como álibi para uma reviravolta. Não sei se é culpa do roteiro, de alguns atores em específico ou dos próprios personagens, mas é nítido que há um potencial bem grande sendo jogado pela janela.

O Boneco de Neve que seria usado para criar suspense, perde o encanto depois de poucas cenas em utilização. Existem mortes bem chamativas, mas você tem pouco tempo para se ver apegado aos personagens. Há uma morte em especial que é bem importante. No entanto, é meio mal feita e você fica em dúvida se a pessoa realmente morreu. O final do filme então, poderia ter sido muito, mas muito melhor.

Não é um filme desprezível

Mesmo com tantos problemas, Boneco de Neve não é totalmente desprezível. Há uma boa reviravolta e uma boa história sendo contada. O clima sombrio é interessante, mas acaba não passando disso. É um filme que deve ser apreciado com a cabeça aberta, mas sabendo que não será nada de muito especial.

É importante para o cinema ter um conto policial em meio a tantos filmes de super heróis. Mas talvez você saia do cinema da mesma forma que o Boneco de Neve que dá nome ao filme. Frio e indiferente com o que viu.