Crítica | O Contador: Batman encontra o Justiceiro em novo filme com Ben Affleck

Com uma cena inicial cheia de segredos e muitos sons de tiros realistas, O Contador já deixava claro que não seria um filme que entregaria sua história tão depressa. Com Ben Affleck no papel principal de Christian Wolf, um contador especialista em caixa 2 e que trabalha com clientes perigosos, O Contador fica entre a ação e o drama, e por muitas vezes não é um filme fácil. Porém, as duas horas que você ficará no cinema serão bem recompensantes.

É preciso terminar o que começou

Um dos maiores méritos de O Contador é não deixar o espectador decifrar tão rapidamente a mente de Christian Wolf, um cara frio, centrado, que é capaz de ajudar as pessoas com seu conhecimento com matemática, ou feri-las. Ele não é um contador comum, vive recluso e tem rituais diários estranhos pra pessoas normais. Talvez porque Wolf não seja lá muito normal.

O roteiro de O Contador pode parecer confuso nos primeiros momentos, porque vai do tiroteio e cenas de suspense, para momentos onde algumas crianças autistas mostram, cada uma com sua forma de ser, comportamentos conturbados e que de alguma forma, tem ligação com o que a gente vê na história do filme. Com cenas ao melhor estilo Flashback de Lost, ficamos sabendo em cada nova cena, que segredos os personagens guardam e não há uma sequência cronológica para os fatos, é necessário prestar atenção e ligar os pontos, além de tentar pensar como Wolf pensa. O que muitas vezes pode ser caótico.

Um agente diferente

Pelas circunstâncias da vida, Wolf tem uma forma singular de viver e tratar dos assuntos que lhe convém. Mas uma coisa é fato: ele é perigoso, mesmo que seja um cara muito tranquilo. Você fica em dúvida se ele é do bem, se ele é do mal, se isso importa pra ele. Como um Hitman, ele sempre está falando com uma mulher ao telefone, que não mostra seu rosto e muito menos é marcada como um contato regular em seu smartphone. Tudo gira em torno do mistério de uma forma bem trabalhada.

O Contador poderia realmente ter partido pra um lado mais Hitman, Missão Impossível, 007, com um agente engomado que gosta de usar bugigangas para solucionar casos de formas diferentes. Mas não, Wolf só precisa terminar o que começou, não importa o que seja. Ben Affleck esteve muito bem no papel, desde os momentos mais calmos, nos mais confusos e até quando precisou fazer graça. E o que dizer da cena que faz uma singela homenagem ao Batman? Foi sutil, mas o suficiente pra me fazer sorrir.

O Batman encontra o Justiceiro

Para nós que somos mais nerds e gostamos de filmes de super heróis, O Contador traz um elenco muito forte. Além de Ben Affleck como Christian Wolf, também temos Jon Bernthal (Braxton), que interpreta o Justiceiro nas séries de super heróis da Netflix, e J.K. Simmons, o eterno J. Jonah Jameson, o patrão de Peter Parker nos filmes do Homem Aranha (com Tobbey Maguire), como o Diretor Raymond King. Todos eles mandam muito bem em cada um de seus papéis e é muito bom ver Bernthal alcançando produções mais importantes no cinema, após The Walking Dead e o Justiceiro, e participando realmente de muitas cenas.

Pra quem vê a série da DC na TV baseada no personagem Arrow, Cynrhia Addai-Robinson interpreta Marybeth Medina, uma quase agente que é forçada a trabalhar com Raymond King. Talvez o único ponto falho do roteiro de O Contador é não explorar tão bem personagens como Medina, que tem grande importância pra história, mas faltou uma explicação menos corrida sobre seu passado. Após usarem tantos Flashbacks pra explicar o que estávamos vendo na história do filme, foi um certo desperdício não fazerem isso com Medina também.

Um filme explosivo, de várias maneiras

Muito do que O Contador representa você entenderá ao ver como a história se desenrola, como que um drama se transforma em suspense e ação tão rapidamente e como Christian Wolf é um personagem que pode ser muito explorado tanto no cinema quanto em outras mídias. Sua personalidade é diferente, mistura muitos elementos e agrada bastante. Ben Affleck arrebenta no papel, aproveitando a preparação que obteve para interpretar o Batman do cinema, e agora emprega tudo em um filme meio brucutu, meio dramalhão.

Caso você tenha se interessado por O Contador e principalmente tenha gostado tanto quanto eu, fica a dica: a DC lançou um quadrinho baseado no filme que conta uma história que serve de prequel para o que vemos no longa. Além de uma qualidade muito boa no traço, a história funciona como um universo expandido do filme, mostrando como Christian Wolf pode ser usado em outras histórias e quem sabe, em uma sequência.