Quando o mundo nem sonhava com uma pandemia que atacaria o mundo a partir de dezembro de 2019, a indústria dos videogames convivia em um enorme dilema com o seu principal evento no calendário. Responsável por momentos históricos e anúncios grandiosos, a E3 enfrentava uma crise de identidade e relevância.
Com a tecnologia sendo cada vez mais presente, alternativas foram surgindo em busca de independência e descentralização da E3, fazendo com que empresas optassem por criar seus próprios eventos e adaptassem seus calendários fora do controle da ESA (Entertainment Software Association), responsável pela organização do evento.
Desde 1995, as empresas mais relevantes se renuíam em Los Angeles diante de jornalistas para anunciar novidades, datas de lançamento, novos jogos, planos para o futuro próximo e até novos consoles, religiosamente em junho. Com o passar dos anos, a E3 foi ganhando em relevância e audiência, tornando financeiramente rentável para todos os envolvidos.
Com o advento de transmissões ao vivo, o evento passou a ganhar outra dimensão por envolver justamente o entretenimento para os fãs de videogames e todas as pessoas envolvidas. Passando por momentos históricos como o a anúncio do preço do primeiro PlayStation; o anúncio do Kinect e a revelação do Nintendo Wii, o evento foi ganhando outro patamar.
E3 está perdendo força?
A E3 não era apenas uma apresentação feita com slides para que as empresas palestrassem. Palcos temáticos, música e maneiras espetaculares de fazer anúncios foram acirrando a concorrência entre as empresas; tornando assim o evento em espetáculo, uma celebração anual da indústria dos videogames.
Entretanto, tudo começou a mudar no meado da década passada. Com o fortalecimento de outros eventos do calendário como a Gamescom e a Tokyo Game Show; a E3 estava deixando de ser o grande evento da indústria e passou a dividir atenções com eventos concorrentes que alcançaram dimensões maiores.
A E3 tentou se reinventar em 2016 quando optou abrir o evento pela primeira vez ao público através de ingressos; os quais foram esgotados com rapidez. Os jornalistas, antes prioridade total para experimentar jogos e arrancar entrevistas exclusivas dos desenvolvedores e gestores, reclamaram bastante com a falta de espaço e tranquilidade.
Outros problemas surgiram também, como por exemplo, a falta de investimento no Los Angeles Convention Center; que praticamente não comportou os 69 mil presentes nos três dias de convenção em um espaço de 46.000m2. Porém, nada seria comparado com um gole extremamente pesado que a ESA sofreria em 2019.
A ausência da Sony
Depois da crise de administração da ESA ser exposta, a E3 2019 acabou vendo a saída da Sony, uma das principais forças da indústria e responsável por alguns dos momentos históricos da E3 nos anos anteriores. A empresa disse que estaria buscando “novas maneiras” para envolver a comunidade, optando assim por deixar o evento sem data de retorno.
Por fim, um grande personagem da indústria chamado Geoff Keighley optou por deixar de colaborar com a ESA em 2017 através do E3 Coliseum (palestras com desenvolvedores nos três dias de evento) e resolveu transformar sua premiação anual em um evento muito maior. Para alguns, maior do que a própria E3.
Quando percebemos, o The Game Awards acabou sendo transformado em um evento de anúncios extremamente relevantes, tornando a premiação um mero detalhe diante de um show que começou a reter maior atenção ainda do que a própria E3. A imagem mais simbólica disso talvez seja a reunião de Phil Spencer, Shawn Layden e Reggie Fils-Aim no mesmo palco em 2018.
Ou seja, tudo parecia perdido para a E3, que estava perdendo em importância e credibilidade diante de jornalistas, fãs e membros da indústria dos videogames. Eis que, em 2020, o mundo acaba sendo mergulhado em uma pandemia mortal para milhões de pessoas, cancelando eventos e afastando qualquer tipo de aglomeração ou celebração.
Evento em transformação
Nos piores meses da pandemia em escala global na metade de 2020, o clima de pessimismo e desesperança acabou tomando conta de diversas pessoas, afetando também os negócios. Por isso, pessoas estavam buscando qualquer entretenimento para conseguir distrair a mente para fugir do mundo real.
Por causa da situação grave em junho do ano passado, o evento acabou sendo totalmente cancelado; e 2020 foi o primeiro ano sem E3 após 24 anos consecutivos. E justamente em junho, nas datas em que o evento estaria sendo realizado em condições normais, milhares de pessoas começaram a compartilhar momentos registrados em Los Angeles nas edições anteriores.
Aos poucos, pessoas diretamente envolvidas com a E3 perceberam que este momento do calendário é quando todas as atenções do mundo se voltam para a indústria dos videogames, como se fosse a nossa própria “Copa do Mundo” em que torcemos para vermos nossos jogos favoritos presentes.
O que o futuro aguarda?
Houve, ainda, uma percepção geral de que o evento presencial da E3 é um entretenimento necessário para a indústria. Não apenas em questões financeiras, mas também no aspecto humano. É justamente neste momento, no entanto, em que desenvolvedores diversos, amigos e jornalistas se encontram pessoalmente com pessoas que moram em outras cidades, estados e países.
Ou seja, mesmo que ninguém se coloque contra a realização de eventos paralelos ou separados, a pandemia acabou constatando que a indústria dos videogames como um todo perde sem a E3. Neste caso, é melhor todos lutarem para que o evento volte a ter sua enorme relevância dos anos 2000 e início dos anos 2010s.
Possivelmente, a pandemia ajudará neste processo para que o evento online de 2021 dê seus passes iniciais em busca de uma grande retomada em 2022; quando o evento pretende retornar às atividades presenciais no Centro de Convecção de Los Angeles, um patrimônio para a indústria dos videogames.
Por fim, o que achou desta notícia? Comente abaixo e compartilhe conosco a sua opinião! Em seguida, não se esqueça de se inscrever em nosso canal do YouTube e seguir o Combo Infinito nas redes sociais para mais notícias Facebook; Twitter, Instagram.