Game Day – “Um Caminho para a Profissionalização”

O que faz e em que situação se encontra o profissional de games no Brasil é um dos fatores que quem pensa em ingressar na área de games precisa saber antes de dar o primeiro passo em direção a essa área. E esses foram alguns dos temas debatidos há algumas semanas (17/04/2015) no Axis Game Day, evento realizado pela Axis School of Visual Effects situada na Av. Paulista. A Axis é uma escola formada em parceria com a Gnomon – escola de efeitos visuais de Los Angeles, considerada uma das melhores escolas de VFX no mundo.

Fabio Doná, instrutor de Anatomia e criação de personagens para games na Axis, abriu o evento falando das dificuldades técnicas enfrentadas nas primeiras décadas pelos criadores de games e como essas dificuldades foram resolvidas originando grandes obras de arte nos games, como o jogo Another World, onde a baixa resolução e baixo poder gráfico dos games da época, que impossibilitavam a criação de um mundo hiper-realista, foi contornada com uma inspirada arte minimalista e apenas uma animação hiper-real.

Logo após isso, Fabio Doná apresentou sua sensacional arte com personagens criados com os softwares mais modernos, como o programa de escultura digital Z-Brush, fazendo um resumo para os iniciantes de todo o processo de criação de um personagem para games, desde a modelagem até a colorização (aplicação de texturas) e aplicação de normal maps – imagens que simulam detalhes em 3d dentro de uma engine. Uma aula muito interessante para quem deseja ingressar na profissão.

Na segunda etapa do evento houve uma mesa redonda com sócios e representantes de produtoras de games brasileiros e empresas como Microsoft e Unity. Nesse momento foram discutidas as dificuldades enfrentadas pelo setor no Brasil, que apresentou um crescimento pequeno nos últimos 3 anos, por razões como baixo investimento, a pouca atenção do governo e a falta de mão de obra qualificada, sendo poucos os profissionais talentosos e com boa formação em games no Brasil. Isso torna iniciativas como a da Axis em parceria com a Gnomon, essenciais para o desenvolvimento desses profissionais, criando caminhos para a profissionalização que são falhas na formação acadêmica tradicional – no Brasil há apenas um curso de nível superior voltado para a área, o curso de Design de Games da Anhembi Morumbi, com um programa generalista, não dando ao estudante a especialização necessária em modelagem ou animação por exemplo, e sim o permite estudar “um pouco de tudo“.

Contudo, mesmo com todas essas dificuldades, empresas como Digiten, QUByte, ODIN e Garage227 foram capazes de desenvolver jogos indie de ótima qualidade dentro do Brasil. Lembro-me da época em que o Brasil só desenvolvia  jogos em 2D, mas sábado vi jogos como ENFORCER da ODIN e SHINY do Garage227 jcom excelentes gráficos em 3D. E o que mais impressiona é que alguns deles foram feitos em sua maioria por apenas duas ou três pessoas.

E o que, felizmente, chama a atenção, é o clima de parceria entre essas empresas e a vontade em solidificar a indústria de games no país. Para os interessados em trabalhar na área é importante frisar a falta de profissionais com boa formação e o fato de que já existem bons cursos e boas empresas capazes de auxiliá-lo nessa formação.