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Hype: o monstro dos videogames

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Aqueles que acompanham a mídia da cultura pop já estão bastante familiarizados com o termo “hype”. Mesmo se você não acompanha, provavelmente essa palavra já deve ter passado pelo seu feed algumas vezes. Embora seja empregada em diversos lugares, nem todos sabem qual o seu significado e representação. De modo geral, é possível associá-la à figura de linguagem hipérbole, que significa exagero e grande enfatização, portanto, trata-se mais especificamente de uma grande exposição ao público. Quando esperamos e estamos ansioso por algo, costumamos dizer “meu hype está alto” ou “o hype está muito grande”.

Na indústria dos videogames, em especial, a criação desse elemento maléfico e benéfico tem se tornado cada vez mais comuns na última década, quando internet e redes sociais se tornaram acessíveis para a maior parte do público global. Afinal, é uma ótima maneira de manter contato direto com os fãs. Se alguém deseja saber mais sobre o jogo que acabou de ser anunciado, basta acessar o seu site oficial ou recorrer à sua página do Facebook. Todas as informações estarão ali, pelo menos as que a empresa responsável quer que seus fãs saibam. O problema, em grande parte das vezes, também estará lá.

A louca busca pela audiência

Em uma ânsia de atrair os olhares dos fãs para a sua grande produção recém-anunciada, as grandes editoras (empresas responsáveis por publicar os jogos) divulgam continuamente novos trailers, imagens e detalhes relacionados aos elementos que o título possuirá. Isso talvez não seja o problema propriamente dito, uma vez que saber o que você encontrará em determinado game é tranquilizador.

Em uma época não tão remota — para nós, brasileiros –, comprar um jogo era como uma caixinha de surpresas, você não possuía ideia do que aquilo lhe reservava. Hoje em dia, seja como um vídeo ou uma simples imagem, fazemos imediatamente um julgamento prévio daquele game. Esse julgamento, muitas vezes, cria automaticamente a sua versão do jogo, aquele que você quer, aquele que você aguarda ansiosamente. Porém, talvez ele não seja de fato a verdadeira idealização de como ele é, e em uma grande parcela dos casos não é mesmo.

O choque de realidade

Enfim o jogo foi lançado. Aquele que ansiava tanto agora o tem em mãos. Mas há um grande problema, o jogo não é tão bom quanto se esperava dele. Não possui os elementos e características que muitos aguardavam, então, quem o comprou recorre ao mesmo meio que facilitou e o induziu à compra: a internet. Aquele game que se criou na mente de um indivíduo a partir de informações vendidas, muitas vezes, de forma errônea não existe. Talvez ele venha a existir futuramente, e quando esse dia chegar, é provável que a expectativa, ansiedade e marketing agressivo faça o processo citado acima se repetir.

Também há o outro lado da moeda. Nesse período de divulgação do jogo, entrevistas são dadas e perguntas de fãs são feitas com frequência. E se na verdade é o próprio estúdio que criou um jogo “ideal” em sua mente e quer que o público tome-o como verdade absoluta? Um exemplo atual é o polêmico No Man’s Sky, produzido pelo estúdio Hello Games e publicado pela Sony. Sua estreia explodiu a cabeça de muitos, afinal, nunca vimos alguém dizer que um game poderia ter 18 quintilhões de planetas, e um número de criaturas na mesma proporção. Além disso, diversos outros elementos foram prometidos pelo seu principal criador, Sean Murray, que, no final das contas, não estavam no produto final, resultando em um tsunami de reclamações por parte dos compradores e inúmeros pedidos de reembolso.

Quem cria o monstro do hype?

A exposição de No Man’s Sky foi tanta que o jogo apareceu em programas de televisão não relacionados a videogames, atraindo até mesmo pessoas que não possuíam nenhum interesse em jogos e a decepção não foi menor para essas pessoas. Quem acompanhava arduamente cada entrevista e demonstração não desenvolveu sua versão ilusória, pois a ilusão era realmente o que ele aparentava ser. Mas, será que No Man’s Sky teria recebido críticas menos negativas se sua campanha de marketing tivesse sido mais realista, com menor investimento e destaque pela Sony? Ele continuaria sendo um jogo mediano, porém, não tão odiado quanto é hoje.

O hype é um monstro que pode ser alimentado pelos dois lados da moeda: as empresas e os usuários. As companhias podem criar um bom monstro, tanto quanto podem criar um mau monstro. Isso também é válido para os fãs, uma vez que o julgamento e idealização prévia sem muitos fundamentos apenas tende a criar um ser maléfico. E, infelizmente, esse processo acaba sendo um vírus que se espalha em um piscar de olhos.

O outro lado da moeda

Se de um lado temos a decepção gerada pelo título da Hello Games, do outro o memorável e aclamado The Witcher 3: Wild Hunt tem espaço total, sendo considerado o símbolo e referência de qualidade para toda a nova geração. O RPG do estúdio polonês CD Projekt Red não recebeu esse título à toa. O processo de criação de expectativas existiu, claro, mas ao contrário de muitos outros jogos, elas foram excedidas após o seu lançamento e surpreendeu aqueles cuja expectativa estava no fundo do poço da esperança.

É possível ainda citar jogos futuros que possuem grande hype, e que já estão no julgamento e idealização prévia citada acima. The Last Guardian está há 10 anos em produção, a mesma idade de desenvolvimento de Final Fantasy XV, o JRPG da Square Enix que ganha novas imagens, trailers e demonstrações de jogabilidade com tanta frequência que assusta os jogadores que querem se manter puros para o game final. Mas, isso é o marketing, e o hype se alimenta principalmente, desse prato.

É difícil citar um jogo lançado durante a nova geração que tenha feito jus à sua campanha para promovê-lo, porém, é fácil olhar para os lados e dar de cara com títulos surpreendentes que passaram despercebidos para muitos. O incrível The Witness, de Jonathan Blow — criador do aclamado Braid –, é uma experiência tão profunda e emocionante que fez aqueles que jogaram parar e fazer questionamentos sobre a vida e o seu significado, algo que não é visto todos os dias, e algo que não foi promovido ao extremo para que o título tivesse boas vendas. O hype não foi responsável pelo seu sucesso, nem mesmo o que aparentava ser, mas sim o que ele realmente é: único.

Não embarque no trem do hype

Embora seja difícil para uma grande parcela de fãs ou não de videogame não ser levada pela campanha de marketing de um jogo, não embarque no trem do hype, independente das circunstâncias. Nunca se jogue para o monstro, sempre mantenha um pé atrás. Busque, questione, e aguarde. É claro que cada um indivíduo possui consciência do que faz com o seu dinheiro, como e onde pretende gastá-lo, mas, será que dói tanto assim esperar e confirmar se é aquilo mesmo que você espera? A resposta é subjetiva e variável, porém, isso é mais uma forma de alimentar a criatura.

Como bem dizia o grupo de hip-hop norte-americano em sua música da década de 80: não acredite no hype.

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André Alcântara

Você pode me seguir no Twitter -- onde as minhas opiniões não refletem a do Combo Infinito: @maggnoalcantara

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