South of Midnight Review | Análise – Estou sem acreditar até agora

South of Midnight chegou ao Xbox Game Pass no dia 8 de abril de 2025 com muitas expectativas nas costas. Desenvolvido pela Compulsion Games e publicado pela Xbox Game Studios, o game chamou bastante atenção desde seu anúncio por causa de seu estilo visual peculiar e a promessa de explorar profundamente o rico folclore do sul dos Estados Unidos.

Eu fiquei bastante empolgado com tudo que vi do game e não via a hora de testar para valer. Mas será que ele realmente entrega tudo que estávamos esperando?

Sinopse

Em South of Midnight, acompanhamos Hazel, uma jovem que enfrenta o trauma da perda recente de sua mãe em um dilúvio devastador. Movida pela dor e pela necessidade de respostas, ela parte em uma jornada sobrenatural em busca da mãe desaparecida.

Porém, Hazel logo descobre que é uma Tecelã, alguém capaz de manipular as linhas da realidade através de um tear mágico especial. Sua missão envolve restaurar áreas corrompidas por forças ocultas, numa tentativa desesperada de reencontrar sua mãe e restaurar o equilíbrio espiritual do mundo.

Ao longo da narrativa, Hazel encontra diversas criaturas folclóricas, desvenda mistérios profundos e enfrenta seus próprios medos, revelando camadas cada vez mais complexas e pessoais de sua jornada emocional, sempre mantendo firme o objetivo de reencontrar sua mãe desaparecida. As surpresas são diversas em seu caminho.

Gráficos e desempenho

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção em South of Midnight é seu visual inspirado claramente em animações stop motion, como Coraline e Kubo. O estilo artístico é singular, com cenários que parecem ter sido esculpidos manualmente, criando um efeito visual raro e encantador, contribuindo diretamente para a atmosfera peculiar e mágica do jogo.

Porém, apesar da direção de arte impressionante, durante meu gameplay no PC na GeForce RTX 5080 o jogo apresentou problemas consideráveis. Durante a minha experiência, notei quedas significativas de FPS nos dois últimos cenários, sugerindo uma falta de otimização técnica e talvez uma fase final de desenvolvimento um pouco corrida, que acaba prejudicando a experiência visual e a fluidez do jogo.

Som e trilha sonora

A trilha sonora de South of Midnight é simplesmente fenomenal. Músicas atmosféricas e narrativas são usadas de forma brilhante, com trechos que variam entre cantados e instrumentais, refletindo perfeitamente a evolução emocional da trama e contribuindo intensamente para a imersão no universo sombrio e folclórico do jogo.

Além disso, o trabalho de voz é excepcional. As interpretações são convincentes e carregadas de emoção, enriquecidas com sotaques característicos do sul dos EUA, ajudando a dar ainda mais autenticidade e profundidade ao mundo e aos personagens que encontramos durante a aventura.

Localização

Aqui, infelizmente, o jogo falha de maneira crítica. Não há dublagem em português brasileiro, e pior: muitas das músicas, essenciais para entender a trama, não têm legendas. Essa ausência prejudica bastante a experiência de quem não domina o inglês, deixando muitos jogadores brasileiros sem entender plenamente detalhes importantes da narrativa.

Essa escolha acaba prejudicando severamente a imersão e a compreensão da história, uma falha significativa e evitável na localização do título. Existe até uma cena, bastante importante para a história, que é cantada. No entanto nem essa cena possui legendas. Difícil…

Exploração e plataforma

A exploração em South of Midnight é agradável e bem estruturada, oferecendo uma experiência recompensadora. Hazel tem habilidades interessantes como pulo duplo, dash aéreo e paraglide, além da companhia do carismático Crouton, um bichinho mágico que explora locais menores e revela segredos escondidos, ajudando o jogador a coletar itens importantes para o progresso da história.

Os itens coletados durante a exploração são valiosos, dando ao jogador upgrades relevantes que tornam a jornada mais interessante. Embora a árvore de habilidades seja relativamente pequena, é eficiente em manter a sensação constante de evolução e descoberta ao longo do jogo.

Combate, inimigos e chefes

O combate é, infelizmente, um dos pontos fracos do jogo. Embora apresente um sistema com habilidades mágicas e elementos que deveriam interagir estrategicamente com inimigos, na prática a experiência é frustrante.

A repetição excessiva dos inimigos (que eu até relevei bastante) combinada com imprecisões frequentes nas mecânicas de combate (especialmente nas esquivas perfeitas) prejudica seriamente o ritmo das batalhas. Eu escolhi jogar no difícil, pois no normal estava muito fácil, então não ter uma esquiva precisa me atrapalhou bastante, além da câmera que não ajudou tanto assim também.

As batalhas contra chefes também desapontam. Mesmo com designs visualmente interessantes, os chefes apresentam padrões previsíveis e pouco variados. O chefe final, especialmente, acaba sendo extremamente frustrante e simplista, deixando a sensação de uma conclusão apressada e mal planejada.

Hazel

Hazel é o grande destaque positivo do jogo. Sua construção emocional é convincente e profunda, retratando de maneira autêntica temas como o luto e a superação pessoal. Os diálogos internos e as interações com outros personagens são excelentes, permitindo uma conexão verdadeira entre o jogador e a protagonista.

Sua jornada pessoal é enriquecida por flashbacks que revelam nuances emocionais importantes, transformando Hazel numa personagem memorável, que certamente fica marcada na memória após o fim do jogo.

História e narrativa

A narrativa do jogo é envolvente e bem fundamentada, aproveitando muito bem o rico folclore do sul dos Estados Unidos. A trama principal gera interesse constante, graças aos personagens interessantes e eventos misteriosos que despertam a curiosidade do jogador.

Contudo, o final é extremamente anticlimático. O final deixa claro que faltou tempo ou cuidado na execução, gerando uma sensação amarga ao término da experiência, como se os desenvolvedores tivessem feito tudo às pressas e deixado conteúdo importante de fora.

Não dá para entender realmente o que aconteceu e acho que o Xbox precisa se preocupar mais com como seus jogos estão chegando ao mercado. Entregar uma experiência rica e memorável deveria estar acima de qualquer coisa.

Conclusão

South of Midnight é um jogo cheio de potencial, com uma estética impressionante, trilha sonora memorável e uma protagonista profundamente cativante. Porém, seus problemas técnicos, localização falha, combate limitado e um final desapontador impedem que ele se torne a experiência memorável que prometeu ser.

Nós recebemos South of Midnight gratuitamente para review e agradecemos à Xbox Game Studios pela confiança.