Silent Hill f ganhou novas informações e um novo trailer durante uma transmissão especial feita pela Konami ontem (13). As novas cenas revelaram a atmosfera dessa nova entrada da franquia após anos em hiato. Porém, algo interessante mudou na forma como a Konami está trabalhando com sua cultuada franquia de terror.
Diferente de qualquer outro jogo da série, Silent Hill f não se passará em um cenário ocidental, algo que se tornou marca registrada da franquia. Desta vez, a história se desenrola no Japão da década de 1960 – o que, por si só, já distorce a ideia que temos da série. O jogador assume o controle de Hinako Shimizu, uma jovem colegial que vive uma experiência aterrorizante após entrar em contato com uma névoa misteriosa que invade o vilarejo onde mora.
Embora mantenha um dos grandes elementos característicos da franquia – a névoa –, Silent Hill f representará uma grande mudança no conceito da série, algo que a Konami já vem preparando os fãs para aceitar.
Uma nova abordagem


Essa transição conceitual começou com Silent Hill: The Short Message, lançado em 2024. O jogo acompanha a personagem Anita, que se vê presa em um prédio de apartamentos em ruínas, famoso por boatos de suicídios. Atraída para o local por mensagens de sua amiga Maya, Anita logo vê sua percepção da realidade se fragmentar, à medida que encontra espaços bizarros de outro mundo, assombrados por uma entidade grotesca.
Foi nesse título que vimos, pela primeira vez, o novo conceito de Silent Hill. Nos jogos anteriores, o terror sobrenatural estava diretamente ligado à cidade amaldiçoada. Agora, Silent Hill é tratada como uma doença psicológica que afeta aqueles que entram em contato com a névoa. Um documento presente em Silent Hill: The Short Message detalha esse fenômeno:
“A taxa de suicídio aumentou em todo o mundo, em grande parte devido às dificuldades causadas pela pandemia de COVID-19, com países ainda inseguros sobre a melhor maneira de lidar com o problema.
Esses tempos difíceis também deram origem a um estranho fenômeno: aqueles afetados afirmam repentinamente ver neblina mesmo em dias de bom tempo – e perdem a consciência pouco depois.
Isso passou a ser conhecido como o ‘Fenômeno Silent Hill’, nomeado após um evento semelhante que ocorreu em uma cidade americana de mesmo nome.”
“Para quem está psicologicamente instável, a neblina representa incerteza e ilusões sensoriais. Quando em estado de alto estresse, a visão de uma pessoa pode ficar obscurecida ou em túnel, como se estivesse vagando por uma neblina ou névoa densa.
A incerteza social ou a apreensão sobre o futuro se manifesta como neblina, obscurecendo assim as linhas entre ilusão e realidade. Com o passar do tempo, estamos vendo mais e mais casos do ‘Fenômeno Silent Hill’.”


Silent Hill 2 já falava sobre este fenômeno


Embora essa mudança tenha causado certo alvoroço entre os fãs, essa explicação não chega a descartar completamente o lado sobrenatural da franquia. Inclusive, há indícios desse conceito em jogos anteriores, como Silent Hill 2, onde um memorando de um doutor diz:
“O potencial para esta doença existe em todas as pessoas e, sob as circunstâncias certas, qualquer homem ou mulher seria levado, como ele, para ‘o outro lado’.
O ‘outro lado’ talvez não seja a melhor maneira de dizer. Afinal, não há parede entre aqui e ali. Ele reside nas fronteiras onde a realidade e a irrealidade se cruzam.”
Ou seja, a ideia de que Silent Hill é um estado mental e não um local físico sempre esteve presente na série, mas só agora a Konami decidiu explorar isso de forma mais direta.
Silent Hill além da cidade


O ponto mais interessante dessa ressignificação é que Silent Hill não está mais limitada a um único local. Em Silent Hill: The Short Message, o jogo se passa na cidade fictícia alemã Kettenstadt. Já em Silent Hill f, a história acontece no Japão, mais especificamente na cidade de Ebisugaoka.
A página oficial do jogo na Steam reforça essa abordagem:
“No Japão dos anos 1960, a reclusa cidade de Ebisugaoka, onde vive Hinako Shimizu, é consumida repentinamente por uma névoa misteriosa, transformando seu lar em um pesadelo aterrorizante. Conforme a cidade mergulha no silêncio e a névoa se adensa, Hinako precisa atravessar os caminhos tortuosos de Ebisugaoka, solucionando enigmas complexos e confrontando monstros grotescos para sobreviver.”
Portanto, fica claro que a franquia agora pode explorar diferentes cenários e culturas, sem a necessidade de se prender à icônica cidade de Silent Hill. Essa mudança não só dá mais liberdade criativa para os desenvolvedores, como também evita a saturação que a série sofreu no passado.
E ouso dizer que talvez nunca mais vejamos Silent Hill como uma cidade, exceto em remakes. Silent Hill Townfall pode seguir essa mesma lógica e abandonar de vez a ideia de que Silent Hill é apenas um local físico, reforçando sua identidade como um fenômeno global.
Silent Hill f ainda é Silent Hill?
Se Silent Hill f tivesse qualquer outro nome, ele ainda se sustentaria como um jogo de terror? Essa é uma pergunta válida. A forte influência da cultura japonesa e a ambientação lembram bastante a franquia Fatal Frame, da Koei Tecmo, que também explora horrores psicológicos e folclóricos.
No entanto, Silent Hill f não busca apenas mudar o cenário, mas sim mudar a própria essência da franquia. Esse será o primeiro jogo da série com classificação para maiores de 18 anos no Japão, o que reforça a promessa de um terror mais intenso e visceral. Tudo indica que estamos diante de um dos jogos mais perturbadores da saga.
Se a mudança vai agradar aos fãs e às expectativas da Konami, só saberemos ao jogar. Mas uma coisa é certa: Silent Hill não está mais limitada a uma cidade, e essa nova abordagem tem potencial para revitalizar a franquia.
Silent Hill f está em desenvolvimento para PS5, Xbox Series e PC.
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